quinta-feira, 9 de julho de 2015

CPI aprova convocação de Cardozo e de delegados da Operação Lava Jato

Petrolão

 A CPI da Petrobras aprovou nesta quinta-feira (9) a convocação do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e de delegados da Operação Lava Jato para explicarem suspeitas sobre a ilegalidade da escuta encontrada na cela do doleiro Alberto Youssef.

Após intensa pressão do PSOL desde o início da CPI, também foram aprovados requerimentos para convocar personagens que podem implicar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no esquema de corrupção da Petrobras: Julio Camargo, delator da Lava Jato, e Jayme Oliveira, policial que disse ter entregado dinheiro destinado a Cunha.

A lista de convocações inclui ainda a advogada Beatriz Catta Preta, que participou dos principais acordos de colaboração premiada na Lava Jato, Adarico Negromonte, irmão do ex-ministro Mário Negromonte que trabalhava para Youssef, o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo. Os dois últimos estão presos por conta das investigações.

Os requerimentos aprovados colocam pressão sobre os investigadores do esquema de corrupção na Petrobras, depois que, na semana passada, os policias Dalmey Werlang e José Alberto Iegas afirmaram aos deputados que a escuta na cela de Youssef era ilegal e estava ativa.

Entre os policiais convocados estão o superintendente da PF no Paraná, Rosalvo Franco, e os delegados Igor Romário de Paula, Márcio Anselmo e Mauricio Grillo.

Cardozo, na condição de ministro da Justiça, é o superior hierárquico da PF e, por isso, também será questionado sobre o assunto. Os parlamentares querem saber que providências ele tomou quando soube do caso da escuta. 

Pedro Ladeira - 1º.jul.2015/Folhapress
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em coletiva de imprensa
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em coletiva de imprensa
 ESTRATÉGIAS

A pauta foi apresentada pelo relator Luiz Sérgio (PT-RJ) e aprovada por unanimidade.

Integrantes do PT não contestaram a convocação de Cardozo, que nos bastidores é criticado por petistas por não "frear" a investigação da Lava Jato. A possibilidade de convocação provocou a ida de emissários de Cardozo à CPI, mas eles não conseguiram barrá-la.

A Folha apurou que a inclusão de Cardozo na pauta foi uma negociação entre Luiz Sérgio e a oposição, que queria a convocação do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. No lugar de Dirceu, ficou acordada a convocação de Cardozo.

A oposição avaliou ainda que não teria força para aprovar a convocação dos atuais ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Edinho Silva (Comunicação Social), citados na delação premiada do dono da UTC, Ricardo Pessoa.

Os deputados federais afirmam não querer prejudicar a Lava Jato com esses requerimentos, mas sim "salvar" a operação e "ajudar" a PF a isolar possíveis fatos irregulares que tenham ocorrido no início das investigações.

Integrantes da PF, porém, veem o movimento como uma manobra para tentar anular a operação, já que parlamentares também são investigados no esquema –embora nenhum dos alvos de inquérito faça parte da CPI.

Há, porém, influência desses parlamentares investigados, como o presidente Eduardo Cunha, que nos bastidores tem orientado a atuação de aliados na CPI.

Luiz Sérgio, que pautou as convocações dos delegados, justificou dizendo que as "dúvidas" surgidas após os depoimentos dos policiais "precisam ser esclarecidas".

"Os depoimentos dos policiais trouxeram dúvidas se houve ou não escutas ilegais. Escutas ilegais são graves, uma CPI não pode deixar de atentar a isso", afirmou.

Já o presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), disse que a pauta foi feita pelo relator e que integrantes da CPI podem querer "analisar a legalidade dos fatos da operação". "Nosso trabalho aqui é investigar e vamos cumprir esse papel", declarou.

Já a convocação da advogada Beatriz Catta Preta foi citada nos bastidores como uma retaliação ao fato de ela ter obtido no Supremo Tribunal Federal o cancelamento das acareações da CPI com o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, seu cliente.

Os parlamentares também podem usar seu depoimento para desqualificar as delações premiadas, nas quais há acusações contra deputados.  



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