Erich Decat e Rafael Moraes Moura - O Estado de S. Paulo
25 Julho 2015 | 07h 51
25 Julho 2015 | 07h 51
Líderes do partido dizem não a grupo do PT que lançou ideia de reunir tucano e Lula em busca de uma trégua para Dilma
Representantes da direção nacional do PSDB e lideranças do partido no Congresso rechaçaram a possibilidade de uma aproximação entre a oposição e o PT neste momento de aprofundamento das crises econômica e política. Na avaliação de diferentes setores do PSDB, não há razão para os tucanos iniciarem um dialogo com os petistas em busca de uma trégua para a gestão Dilma Rousseff.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estaria interessado em se reunir com seu antecessor no Palácio do Planalto, Fernando Henrique Cardoso, principal líder tucano.
Entre os temas do encontro estaria a discussão envolvendo um possível processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. “Esse tipo de iniciativa é consequência do momento que eles estão vivendo, de fase terminal. É absoluto desespero. Na questão política, não temos nenhuma razão para esticarmos a mão”, ressaltou o vice-presidente do PSDB, Alberto Goldman. O presidente estadual do PSDB em Minas Gerais, deputado Marcus Pestana, um dos principais aliados do presidente nacional da legenda, senador Aécio Neves (MG), considerou as investidas dos adversários como um “teatro”.
“Neste momento, falar em diálogo, algo que nunca houve? É um teatro, um factoide para tentar sair das cordas”, disse Pestana. “Esse tipo de iniciativa é uma mistura de desespero e cinismo. Lula se acha esperto e está tentando socializar a crise, mas ela é totalmente deles. Nos ‘inclua’ fora dessa”, acrescentou o mineiro.
Para o dirigente, a reação de FHC de ter informado que o ex-presidente Lula não precisaria de interlocutores para marcar um encontro foi apenas um “gesto educado”. “Ele é um estadista, mas, na verdade, o sentimento é de que quem pariu Mateus, que o embale”, disse.
As reações dos tucanos também foram expressas num artigo publicado ontem pelo Instituto Teotônio Vilela, órgão de estudos e formação política do PSDB. “Foram anos em que o PT reiteradamente provocou o embate, estimulou a divisão, recusou a opinião crítica (qualquer uma), atacou instituições e transformou adversários em inimigos. Agora, quando o calo aperta de vez, a postura muda num passe de mágica. Será?”, questiona trecho do texto.
‘Diálogo’. O ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, o advogado Sigmaringa Seixas, os ex-ministros Nelson Jobim e Antonio Palocci e o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), são os “patronos” da tentativa de aproximação no PT.
“Sou plenamente favorável. Acho que isso deveria acontecer mais no Brasil: ex-presidentes conversando. Nos Estados Unidos, é a coisa mais normal do mundo ex-presidentes se reunirem, inclusive a convite do presidente em exercício. Sempre que você estabelece diálogo entre lideranças nacionais, é bom para o País”, disse Edinho. “O momento é de trazer para a mesa de diálogo pessoas com experiência e equilíbrio”, afirmou Delcídio.
As primeiras conversas para pôr de pé o “pacto pela governabilidade” ocorreram no início de março, pouco antes dos protestos contra Dilma, que vê com simpatia a tentativa de aproximação com Fernando Henrique, até mesmo pelo simbolismo do ato. À época, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, apelidado no PT de “pelicano” (o mais petista dos tucanos), conversou com o ex-presidente.
Diante do assédio de outros governistas, porém, Fernando Henrique divulgou nota. “O momento não é para a busca de aproximações com o governo, mas sim com o povo. (...) Qualquer conversa não pública com o governo pareceria conchavo na tentativa de salvar o que não deve ser salvo”, escreveu ele.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
POLÍTICA E ECONOMIA