Ricardo Balthazar
SÃO PAULO - Na semana passada, chamado pela Polícia Federal para falar sobre a corrupção na Petrobras, o empresário Marcelo Odebrecht invocou o direito constitucional de permanecer em silêncio e não respondeu a nenhuma pergunta. No fim, disse que considerava sua prisão desnecessária e acreditava na inocência dos outros executivos da Odebrecht presos com ele.
Três dias depois, o delegado Eduardo Mauat apresentou um relatório sobre o caso em que conclui o seguinte sobre o empresário: "Marcelo Odebrecht aderiu de forma inconteste às condutas imputadas aos demais investigados, considerando que delas detinha pleno conhecimento".
A conclusão do delegado deturpa a declaração do empresário, mas é reveladora do estado de espírito dominante na linha de frente da Operação Lava Jato. Policiais e procuradores envolvidos com as investigações acham que já reuniram evidências suficientes para demonstrar que executivos da Odebrecht pagaram propina em troca de vantagens na Petrobras, e estão convencidos de que Marcelo Odebrecht sabia de tudo.
Na segunda-feira (20), o juiz Sergio Moro impôs penas duras aos três ex-executivos da Camargo Corrêa processados por seu envolvimento com o esquema. Os dois que confessaram seus crimes foram condenados a mais de 15 anos de prisão e tiveram recusado o pedido de perdão judicial. Como colaboraram com as investigações, cumprirão a pena fora da cadeia. O outro executivo pegou 9 anos e meio de prisão e deverá ficar mais de um ano atrás das grades.
Foi um sinal de que as outras empresas podem se preparar para o pior. Se não convencerem o juiz Moro a rever suas convicções, elas poderão recorrer ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que reafirmou todas as decisões do juiz até agora. Restará a possibilidade de recurso aos tribunais superiores, mas ali só haverá espaço para discutir questões processuais e eventuais deslizes cometidos nas etapas anteriores.
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