Na sede da empreiteira JGR registrada na Receita Federal funciona um escritório de contabilidade que atende diversas outras firmas. A empreiteira, porém, não tem funcionário ou maquinário lá.
A JGR, segundo Rennan Farias, foi usada para desviar recursos do município à campanha ao Senado do atual ministro do TCU Vital do Rêgo.
A empreiteira recebeu R$ 10,3 milhões da prefeitura. Segundo o escritório, os proprietários da JGR não são localizados há anos pelos próprios contadores, que tentam receber uma dívida antiga.
Outro endereço indicado em documentos da prefeitura é uma sala desativada há anos. Em outros dois endereços atribuídos à JGR estão um ambulatório e outro escritório de contabilidade.
A Folha tentou localizar em João Pessoa (PB) o homem que aparece nos documentos como dono da JGR, o comerciante Gilson Gonçalves da Silva. No endereço que ele apresentou à Junta Comercial como sua residência há um salão de beleza. A dona afirmou que um Gilson Silva trabalhou no local anos atrás, mas num quiosque que ficava na frente do imóvel, vendendo salgadinhos.
A reportagem localizou o empresário Eduardo Victor, dono da Compecc, firma que, segundo Rennan Farias, era destinatária dos cheques emitidos pela prefeitura.
Eduardo Victor negou o repasse de dinheiro e que sua empresa controle a JGR. Disse ter alugado "equipamentos" para a JGR. Segundo ele, Gilson Silva foi funcionário da Compecc "por uns cinco anos". Victor diz ser amigo do ministro Vital do Rêgo.
Os balanços contábeis da JGR mostram um lucro líquido de 95% da receita total de 2009, ano em que fechou o contrato com a prefeitura. A empresa informou ter recebido R$ 1,67 milhão (86% provenientes da prefeitura), mas gastou apenas R$ 76 mil. O balanço de 2010 não está arquivado na Junta Comercial.
Documentação obtida pela Folha mostra que a JGR foi aberta, com outra denominação, pelo mesmo servidor da Prefeitura de Campina Grande, Roberto Carlos Cantalice de Medeiros, que posteriormente foi o responsável, na Secretaria de Obras, por "todo o processo de empenho" das obras denunciadas por Rennan Farias. Medeiros diz não ter feito nenhum contrato com a prefeitura até vender sua parte na JGR, por volta de 2007.
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