O
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse nesta quarta-feira (15)
que nunca recebeu orientação da presidente Dilma Rousseff (PT) para
prejudicar as investigações conduzidas pela Polícia Federal, como as da operação Lava Jato.
"Tenho muito orgulho de jamais ter recebido da presidente da República,
jamais, qualquer orientação para obstasse, prejudicasse, desviasse as
investigações que estão sob o meu departamento sendo conduzidas", disse
Cardozo.
As declarações foram feitas durante depoimento do
ministro à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras na
Câmara dos Deputados.
Cardozo foi convocado a depor na CPI para
falar sobre os grampos encontrados na sede da Polícia Federal em
Curitiba. Uma escuta foi encontrada na cela em que o doleiro Alberto
Youssef, um dos principais delatores da Lava Jato. Uma sindicância da PF
concluiu que as escutas estavam inativas, mas dois agentes da PF
disseram à CPI que elas estavam ativas e foram instaladas sem decisão
judicial.
Cardozo disse ainda que se sente "amparado" por Dilma
para continuar no cargo. "Posso dizer que me sinto plenamente amparado
pela presidente da República para prosseguir na mesma luta que registrei
quando era vereador de São Paulo", disse Cardozo, referindo-se ao
período em que presidiu a CPI da Máfia das Propinas, que investigou
casos de corrupção na Prefeitura de São Paulo na década de 90.
Cardozo falou ainda sobre as informações que circularam sobre sua
possível saída do ministério sob a alegação de que ele estaria "cansado"
e negou que esteja pensando em deixar o cargo.
"Eu disse a
amigos que me sinto cansado por um motivo muito simples. Eu sou o
ministro [da Justiça] que mais tempo permaneceu no cargo no período
democrático. E acho que cargos públicos muitas vezes têm fadiga de
material. Eu estou no cargo porque acredito na presidenta [Dilma].
Acredito no seu projeto. No dia em que ela não quiser mais que eu fique,
ou que eu não achar que posso contribuir, saio", afirmou.
A
operação Lava Jato investiga um esquema de corrupção junto à Petrobras.
Segundo as investigações, contratos da estatal com grandes empreiteiras
eram supefaturados e parte do dinheiro era repassado a políticos e
partidos. Em março de 2015, a PGR (Procuradoria Geral da República)
pediu a abertura de inquérito contra 47 políticos. Entre eles estão os
presidentes da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do
Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Entre os partidos que seriam
beneficiados pelo esquema estariam o PT, PMDB e PP.
15.jul.2015
- O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, presta depoimento na CPI
da Petrobras, nesta quarta-feira (15). Ele afirmou que seu cargo não
lhe dá o poder de "controlar" ou "instrumentalizar" investigações. As
declarações de Cardozo são vistas como uma resposta às críticas vindas
de parlamentares de oposição e da base governistas, para os quais ele
estaria influenciando as investigações relacionadas à operação Lava Jato
para proteger o governo Leia mais Pedro Ladeira/Folhapress
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POLÍTICA E ECONOMIA