Líderes da oposição no Senado classificaram como uma "falsa polêmica" o parecer enviado
pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ao STF (Supremo
Tribunal Federal) em que questiona o rito do impeachment e pede que a
Casa tenha a palavra final sobre o eventual afastamento da presidente
Dilma Rousseff.
Para o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), a Constituição
Federal é muito clara sobre as atribuições de cada Casa Legislativa no
processo de impedimento de um presidente da República.
"Temos um precedente muito recente, no caso Collor, que ocorreu sob a
égide da mesma Constituição. Não há o que se reinventar: a Câmara faz o
juízo de admissibilidade e o Senado julga o mérito. Não faz sentido
discutir-se a possibilidade de o Senado barrar previamente o processo
vindo da Câmara", disse em nota.
Já o senador Ronaldo Caiado (GO), líder do DEM no Senado, afirmou que
trâmite não pode ser alterado "de acordo com o pensa o PT e o governo".
Para ele, a intenção de Renan de querer que o Senado possa barrar o
afastamento de Dima usurpa as prerrogativas da Câmara e, assim, o
peemedebista acaba atuando como líder do governo.
"Isso é tapetão, enfraquece as instituições. Quer mudar a regra aos 45
minutos do 2º tempo? Cada Casa tem uma função. Daqui a pouco a Câmara
vai se achar no direito de julgar o mérito? Acredito que o STF não vá
concordar com essa tese esdrúxula", disse também em nota.
Nesta sexta (11), Renan enviou ao Supremo parecer no qual defende que,
caso a Câmara decida admitir o impeachment, caberia ao Senado chancelar
ou não a posição dos deputados.
Horas depois de os argumentos do senador serem entregues ao STF, a
presidente Dilma e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
enviaram à Corte documentos com posição idêntica à de Renan sobre o
assunto.
A Constituição diz que presidentes só serão afastados após a instauração
do processo no Senado. A discussão que existe, agora, é de os senadores
podem reverter decisão tomada antes por dois terços dos deputados.
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