Ex-governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) fez nesta
segunda-feira (1º) seu discurso de despedida do Senado depois de oito
anos de mandato. Eleito para assumir uma cadeira na Câmara nos próximos
quatro anos, Jarbas fez ataques ao governo Dilma Rousseff e prometeu
manter sua postura oposicionista em seu novo mandato –apesar de ser
membro de um partido aliado de Dilma.
O peemedebista disse que os governos do PT "deixaram de lado a ética" e promoveram sucessivos escândalos de corrupção no país, como o mensalão e o caso Petrobras. "O cenário atual está mais para um filme de terror, daquele no qual o monstro mata todos os mocinhos. E o filme ganha uma, duas, três sequências", disse.
Jarbas afirmou que o cenário de crise econômica "sem precedentes" não vai permitir ao país avançar. Ao criticar os brasileiros que votaram em Dilma, o senador disse que eles escolheram a petista "olhando para trás", uma vez que o novo governo não terá "condições de implantar as mudanças que o Brasil precisa".
O senador defendeu mudanças no sistema político do país ao relembrar trechos do seu primeiro discurso no Senado depois de empossado, em 2007. O peemedebista disse ser favorável a temas como adoção da fidelidade partidária, financiamento público de campanhas e fim das coligações proporcionais, entre outros.
Jarbas disse, porém, que o novo governo Dilma não vai implementar a esperada reforma política no país. O peemedebista criticou, em especial, a proposta da presidente de realizar um plebiscito para consultar a população sobre quais mudanças devem ser efetivadas no sistema político.
"Esse modelo começa justamente tentando esvaziar o poder da democracia representativa da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, e, paralelamente, busca coibir a liberdade da imprensa", disse.
Para Jarbas, o Brasil de hoje é pior do que o deixado pelo ex-presidente Lula, em 2010, o que pode ser comprovado com o apoio à candidatura de Aécio Neves (PSDB) –que perdeu para Dilma com votos de 51 milhões de brasileiros.
"Na democracia é assim que deve funcionar: quem ganha vai trabalhar para cumprir o que prometeu, e quem perde vai para a oposição cobrar as promessas feitas e mostrar que era possível fazer diferente. É isso que pretendo fazer na Câmara dos Deputados a partir do dia 1º de fevereiro de 2015, Casa para qual fui eleito com os votos de mais de 227 mil conterrâneos", afirmou.
Apesar do discurso de despedida nesta segunda, Jarbas tem mandato no Senado até o dia 31 de janeiro. O Congresso entra em recesso no dia 22 de dezembro e só retoma oficialmente suas atividades no dia 1o. de fevereiro.
DISSIDÊNCIA
Conhecido por sua dissidência ao PMDB, diante de sua postura de oposição adotada nos últimos anos no Senado, Jarbas disse que não se arrepende de ter rompido com os governos do PT. Mas admitiu que "pagou um preço elevado" por permanecer em um partido aliado do governo, como um de seus "rebeldes".
"Tenho também a consciência dos obstáculos que enfrentei, do elevado preço que paguei pelo fato de ser dissidente do meu partido, de não comungar das ideias defendidas pelo PT. Porém, não guardo mágoa. Não abriria mão de minhas convicções para estar em sintonia com a prática do "é dando que se recebe", de uma prática que resultou na série de escândalos de corrupção", disse.
Jarbas rompeu com o governo federal em 2006, pouco antes de assumir seu mandato no Senado. Ao longo de oito anos, fez sucessivos discursos com críticas às gestões de Lula e Dilma. Declarou apoio oficialmente às candidaturas de José Serra (2010) e Aécio Neves (2014) e acompanhou a oposição na maioria das votações na Casa.
Além de ter governado Pernambuco, também foi prefeito de Recife (PE). Em 2010, disputou novamente o governo, mas acabou derrotado por Eduardo Campos (PSB), morto em um acidente aéreo em agosto deste ano. Em 2012, Jarbas voltou a aliar-se a Campos e, nas eleições de 2012 e deste ano, manifestou apoio ao grupo político do socialista.
FOLHA
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