Reprodução
Marisa Letícia, Lula e Bumlai em retrato que foi anexado a processo da Operação Lava Jato
MÁRCIO FALCÃO
AGUIRRE TALENTO
RUBENS VALENTE
GABRIEL MASCARENHAS
DE BRASÍLIA
18/12/2015 21h00
- Atualizado às 21h45
Em depoimento à Polícia Federal , o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a investigação de integrantes de seu governo na Lava Jato
faz parte de um "processo de criminalização do PT" e admite relação de
"amizade" com o pecuarista José Carlos Bumlai, um dos presos da
operação.
O ex-presidente falou aos investigadores, na condição de informante, em um inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal) que investiga se houve organização criminosa atuando na Petrobras. Para o ex-presidente, as investigações da Lava Jato envolvendo pessoas de seu governo são motivadas por três fatores: processo de transparência e aprimoramento dos órgãos de fiscalização e controle durante os governos do PT; imprensa livre; e a "um processo de criminalização do PT". Lula disse ainda que "não existe até o momento qualquer conclusão final deste apuratório". Ele disse que não tinha conhecimento de atos de corrupção na Petrobras, que isso não foi identificado por órgãos de controle e que não acredita que políticos de partidos aliados tenham recebido propina da Petrobras. AMIZADE Lula admitiu que hospedou Bumlai na residência oficial da Granja do Torto, uma espécie de casa de campo da Presidência em Brasília, mas não soube precisar quantas vezes. O ex-presidente, no entanto, negou que tenha tratado com o amigo de qualquer negociação irregular ou questões financeiras.
Lula contou que conheceu Bumlai em 2002, durante a gravação de um programa eleitoral na fazenda do pecuarista, e que indicou Bumlai para integrar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do governo, órgão também formado por empresários. O ex-presidente disse ainda que seus filhos e noras podem ter relação com Bumlai, mas que nenhum pediu valores ao pecuarista. Lula não soube apontar os nomes de suas noras aos investigadores. "Não declina os nomes completos das noras em razão de não recordá-los no momento", diz o relatório da PF. VACCARI Em seu depoimento de nove páginas, Lula também disse que tinha relação de amizade com Vaccari, que foi condenado pelo juiz Sérgio Moro na Lava Jato, e que recebeu informações de que o correligionário tinha uma "excelente" atuação na tesouraria do PT. "Que todos os membros da Direção do partido, inclusive seu presidente, Rui Falcão, declararam a qualidade do trabalho desempenha por Vaccari no comando da tesouraria do PT", disse, segundo a PF. E completou: "Que não crê na afirmação de Paulo Roberto de que 2% do valor dos contratos celebrados na Diretoria de Abastecimento da Petrobras". Lula disse que não acredita que Ricardo Pessoa, dono da UTC, tenha pagado propina a Vaccari e que José de Felippe Junior, ex-tesoureiro de sua campanha, tenha pedido doação não oficial R$ 2,4 milhões. O petista afirmou que Pessoa pode ter feito as acusações para conseguir fechar um acordo de delação premiada e conquistar benefícios como a redução de pena. PETROBRAS O ex-presidente disse que não participava do processo de escolha de dirigentes da Petrobras, sendo que os nomes eram levados pelos partidos ao ex-ministro José Dirceu, que discutia as indicações com outros coordenadores políticos. Segundo Lula "cabia à Casa Civil receber as indicações partidárias e escolher a pessoa que seria nomeada". Lula negou que tenha avalizado a indicação de Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras, outro condenado no esquema de corrupção, mas diz que o nome pode ter tido aval do PT. Ele negou conhecer Pedro Barusco, ex-gerente da estatal. Para o petista, o ex-diretor da Petrobras e delator Nestor Cerveró e seu sucessor na área Internacional, Jorge Zelada, eram indicações do PMDB. Lula frisou que Zelada foi uma "reivindicação" do PMDB. O senador Delcídio do Amaral (PT-MS), preso por tentar atrapalhar as investigações do esquema, disse, em depoimento, que o vice-presidente Michel Temer "tem preocupação" com Zelada.
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