sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Delator cita ex-ministros argentinos em suposto esquema da Lava Jato

petrolão


 O lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, um dos delatores da Operação Lava Jato, se comprometeu a entregar ao Ministério Público Federal detalhes de um esquema de corrupção que envolveria uma empresa e dois ex-ministros argentinos.

A informação consta do termo do acordo de delação premiada firmado com os procuradores da Lava Jato que vem a público nesta sexta-feira (18) por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal).

Baiano já prestou os depoimentos da delação, que foi homologada pelo ministro do STF Teori Zavascki, mas a íntegra dos termos ainda não foi tornada pública, apenas seus resumos.

Em um dos resumos, o lobista contou ter participado de uma operação para impedir a venda da empresa Transener, que pertencia à Petrobras, a um grupo empresarial norte-americano. O objetivo era fazer com que a Transener fosse parar nas mãos de empresários argentinos, também interessados na companhia.

O delator citou os nomes de dois ex-ministros da Argentina –Julio de Vido e Roberto Dromi. O primeiro estava no cargo à época do ocorrido, durante o governo de Nestor Kirchner. Já Dromi foi ministro na década de 90, na gestão de Carlos Menem.

Baiano disse que, em 2006 ou 2007, foi procurado por Jorge Luz, um lobista brasileiro, representante do grupo Electroingenería, interessado em adquirir a Transener, uma empresa especializada em transmissão de energia elétrica.

Baiano comunicou o fato ao diretor internacional da Petrobras na ocasião, Nestor Cerveró, que o avisou que a venda da empresa já estava fechada com uma companhia americana. A assinatura do negócio dependia apenas do aval do governo argentino, segundo Baiano.

O delator relatou que, em vista da negativa, iniciou-se uma ofensiva para barrar a transação. "Diante da informação, Jorge Luz, o colaborador [Fernando Baiano] e Roberto Dromi –ex-ministro argentino– traçaram estratégia direcionada à não aprovação da venda pela governo argentino, mas [mais] especificamente, pelo ministro Julio de Vido", diz o texto do acordo de delação.

O negócio desejado pelos parceiros de Baiano de fato se concretizou: a Petrobras vendeu em 2007 a sua participação acionária na Transener, considerada a maior empresa de transmissão de energia elétrica da Argentina, por US$ 54 milhões. Os compradores foram a estatal Energía Argentina e a privada Electroingenería.

O lobista admitiu que ele e Cerveró receberam, cada um, US$ 300 mil, cerca de R$ 1,2 milhão em valores atualizados.

De acordo com Baiano, "Jorge Luz fez os acertos e pagamentos aos políticos, não sabendo informar os valores pagos". Ele não especificou se os argentinos teriam recebido pagamentos.

O operador brasileiro adiantou ainda que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o deputado federal Aníbal de Mendonça (PMDB-CE) e o ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau "também estavam envolvidos", embora não tenha fornecido detalhes. 




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