quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Maior operação contra facção tem 767 mandados de prisão no Paraná ESTELITA HASS CARAZZAI DE CURITIBA 17/12/2015 15h33 - Atualizado às 22h05 500 Mais opções Cadernos apreendidos com um casal de "contadores" do PCC (Primeiro Comando da Capital) no Paraná, em agosto do ano passado, acabaram resultando na maior operação já realizada contra a facção criminosa no país. Deflagrada nesta quinta-feira (17), a operação pretende cumprir 767 mandados de prisão contra integrantes do PCC, facção criada em São Paulo que se espalhou pelo país. Mais da metade dos investigados já estão detidos em penitenciárias do Paraná. Para a polícia, no entanto, os novos mandados são importantes para desestimular o ingresso na organização criminosa. Até as 15h, 194 mandados ainda não haviam sido cumpridos. Foram presos 93 suspeitos. Outros 484 já estavam nas penitenciárias e receberam nova ordem de prisão. Inicialmente, a Secretaria da Segurança do Paraná divulgou a existência de 757 mandados, mas depois corrigiu o número. A polícia também cumpriu quatro mandados de busca, um deles em um hotel no centro de Curitiba que a investigação apontou como pertencente à facção. O estabelecimento era usado para lavagem de dinheiro e para hospedar chefes de outros Estados. Contas bancárias também foram bloqueadas. "Nós queremos desestimular, desmistificar a quadrilha", disse o secretário de Segurança do Paraná, Wagner Mesquita. "É um combate à cultura de facção", completou Luiz Alberto Cartaxo Moura, diretor do Depen (Departamento Penitenciário do Paraná). "Pense como preso: estou para sair. Agora me aparece um novo mandado só por causa desses caras [do PCC]?", disse Moura.Todos os suspeitos irão responder pelo crime de associação criminosa, previsto em lei desde 2013 e cuja pena pode chegar a três anos de prisão. Questionada se haveria risco de rebeliões com as novas prisões, a Secretaria da Segurança informou que está monitorando a movimentação dos presos e que estará preparada para agir caso algum risco seja identificado. BATISMO A investigação começou a partir da prisão de duas pessoas que trabalhavam como "contadores" do PCC no Paraná, em agosto de 2014. Debaixo do colchão do casal foram encontradas dezenas de cadernos e anotações –o que deu nome à operação, chamada de Alexandria em referência à grande biblioteca da Antiguidade, destruída por um incêndio. Os papéis contêm os "batismos" feitos pela facção no Paraná, os padrinhos de cada afiliado e números de telefone –a polícia não explicou como era o ato de filiação ao PCC. Editoria de Arte/Folhapress Origem da investigação PCC no Paraná (fo1l). Os cadernos também registram o pagamento das mensalidades, de cerca de R$ 400, apelidadas de "cebola". "Batizou, tem que pagar a cebola. É igual padre, é para sempre", diz Moura. Com as informações, as polícias Militar e Civil traçaram um organograma da facção, pediram o grampeamento de cerca de 200 telefones e interceptaram 30 mil ligações. Nas conversas, identificaram chefes de outros 11 Estados, que realizavam crimes como tráfico de drogas, roubos, tráfico de armas e homicídios. As informações da investigação serão remetidas aos outros Estados –além de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Alagoas, Ceará, Goiás, Santa Catarina, Pernambuco e Rio Grande do Norte. "RESUMOS" Os cadernos apreendidos dão detalhes sobre o modus operandi do PCC. A principal atividade –e a mais lucrativa– da facção é o tráfico de drogas. Com o dinheiro, os chefes pagam advogados, dão suporte financeiro a algumas famílias e garantem proteção a quem está dentro ou fora da prisão. No Paraná, a maioria dos membros está presa. É o oposto do cenário em São Paulo, onde a maior parte está solta, ou "na sintonia", segundo o jargão da facção. Os chefes são chamados de "resumos". Existem resumos locais, regionais, federais e disciplinadores (esses, os responsáveis pela execução de inimigos ou infiéis, de acordo com as investigações). Quem faz a comunicação entre quem está preso e quem está "na sintonia" são advogados e familiares. Na operação desta quinta, dois advogados também foram detidos, suspeitos de desvirtuarem suas funções e atuarem, na prática, em favor do grupo, transmitindo recados a líderes e auxiliando na administração. A Secretaria de Segurança do Paraná admite que vem falhando em impedir a comunicação dos membros nos presídios. O órgão, porém, afirma que está fazendo sua parte com a operação e que, no ano que vem, pretende instalar bloqueadores de sinal de celular nas penitenciárias para dificultar a atividade do PCC. Os nomes dos presos não foram divulgados.

Cotidiano



 Cadernos apreendidos com um casal de "contadores" do PCC (Primeiro Comando da Capital) no Paraná, em agosto do ano passado, acabaram resultando na maior operação já realizada contra a facção criminosa no país.

Deflagrada nesta quinta-feira (17), a operação pretende cumprir 767 mandados de prisão contra integrantes do PCC, facção criada em São Paulo que se espalhou pelo país.

Mais da metade dos investigados já estão detidos em penitenciárias do Paraná. Para a polícia, no entanto, os novos mandados são importantes para desestimular o ingresso na organização criminosa.

Até as 15h, 194 mandados ainda não haviam sido cumpridos. Foram presos 93 suspeitos. Outros 484 já estavam nas penitenciárias e receberam nova ordem de prisão.

Inicialmente, a Secretaria da Segurança do Paraná divulgou a existência de 757 mandados, mas depois corrigiu o número. 

A polícia também cumpriu quatro mandados de busca, um deles em um hotel no centro de Curitiba que a investigação apontou como pertencente à facção. O estabelecimento era usado para lavagem de dinheiro e para hospedar chefes de outros Estados. Contas bancárias também foram bloqueadas. 

"Nós queremos desestimular, desmistificar a quadrilha", disse o secretário de Segurança do Paraná, Wagner Mesquita. "É um combate à cultura de facção", completou Luiz Alberto Cartaxo Moura, diretor do Depen (Departamento Penitenciário do Paraná). 

"Pense como preso: estou para sair. Agora me aparece um novo mandado só por causa desses caras [do PCC]?", disse Moura.Todos os suspeitos irão responder pelo crime de associação criminosa, previsto em lei desde 2013 e cuja pena pode chegar a três anos de prisão. 

Questionada se haveria risco de rebeliões com as novas prisões, a Secretaria da Segurança informou que está monitorando a movimentação dos presos e que estará preparada para agir caso algum risco seja identificado. 

BATISMO
 
A investigação começou a partir da prisão de duas pessoas que trabalhavam como "contadores" do PCC no Paraná, em agosto de 2014. Debaixo do colchão do casal foram encontradas dezenas de cadernos e anotações –o que deu nome à operação, chamada de Alexandria em referência à grande biblioteca da Antiguidade, destruída por um incêndio. 

Os papéis contêm os "batismos" feitos pela facção no Paraná, os padrinhos de cada afiliado e números de telefone –a polícia não explicou como era o ato de filiação ao PCC.



Origem da investigação PCC no Paraná Os cadernos também registram o pagamento das mensalidades, de cerca de R$ 400, apelidadas de "cebola". "Batizou, tem que pagar a cebola. É igual padre, é para sempre", diz Moura. 

Com as informações, as polícias Militar e Civil traçaram um organograma da facção, pediram o grampeamento de cerca de 200 telefones e interceptaram 30 mil ligações. Nas conversas, identificaram chefes de outros 11 Estados, que realizavam crimes como tráfico de drogas, roubos, tráfico de armas e homicídios. 

As informações da investigação serão remetidas aos outros Estados –além de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Alagoas, Ceará, Goiás, Santa Catarina, Pernambuco e Rio Grande do Norte. 

"RESUMOS"
 
Os cadernos apreendidos dão detalhes sobre o modus operandi do PCC. 

A principal atividade –e a mais lucrativa– da facção é o tráfico de drogas. Com o dinheiro, os chefes pagam advogados, dão suporte financeiro a algumas famílias e garantem proteção a quem está dentro ou fora da prisão. 

No Paraná, a maioria dos membros está presa. É o oposto do cenário em São Paulo, onde a maior parte está solta, ou "na sintonia", segundo o jargão da facção. 

Os chefes são chamados de "resumos". Existem resumos locais, regionais, federais e disciplinadores (esses, os responsáveis pela execução de inimigos ou infiéis, de acordo com as investigações). 

Quem faz a comunicação entre quem está preso e quem está "na sintonia" são advogados e familiares. Na operação desta quinta, dois advogados também foram detidos, suspeitos de desvirtuarem suas funções e atuarem, na prática, em favor do grupo, transmitindo recados a líderes e auxiliando na administração. 

A Secretaria de Segurança do Paraná admite que vem falhando em impedir a comunicação dos membros nos presídios. O órgão, porém, afirma que está fazendo sua parte com a operação e que, no ano que vem, pretende instalar bloqueadores de sinal de celular nas penitenciárias para dificultar a atividade do PCC. 

Os nomes dos presos não foram divulgados. 






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