O ministro Luiz Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), reconheceu,
no voto que distribuiu aos colegas nesta terça, a legitimidade da
votação secreta realizada pela Câmara dos Deputados para escolher a
comissão que primeiro analisará o pedido de impeachment contra a
presidente Dilma Rousseff.
A decisão deve frustrar aliados de Dilma, que recorreram ao STF para que
a votação fosse derrubada. O governo preferia que a eleição fosse
aberta e que apenas a chapa "oficial", com parlamentares indicados por
líderes dos partidos, fosse reconhecida como legítima –a votação foi
secreta e a oposição lançou uma chapa alternativa, que saiu vitoriosa.
Após o PC do B ingressar com uma ação questionando o trâmite do impeachment, Fachin paralisou o andamento do processo de impeachment.
Pedro Ladeira - 16.set.2015/Folhapress |
O ministro Luiz Edson Fachin |
A previsão é de que a discussão sobre o rito do impeachment seja longa e
possa levar até duas sessões. Antes de Fachin apresentar seu voto, as
partes envolvidas (PCdoB, Senado, Câmara, Advocacia-Geral da União e
Procuradoria-Geral da República) terão 15 minutos, cada um, para se
manifestar. O ministro também autorizou que pelo menos sete partidos
(PT, PSDB, PSOL, DEM, REDE, PP e Solidariedade) participem do julgamento
e apresentem seus argumentos.
O voto de Fachin ainda terá que passar pelo crivo dos outros dez
magistrados da Corte e ainda pode ser modificado –o próprio ministro
pode mudar de opinião.
"É notório que ele está tentando construir consensos", diz um dos ministros que já estudou o voto.
Fachin apresentou também sugestões para que o STF estabeleça um rito
para um impeachment, um "guia" precisaria ser seguido pelos
parlamentares, evitando assim que a todo momento recorram à Corte para
dirimir dúvidas.
Ele propõe também o reconhecimento de que cabe a uma comissão do Senado a
decisão de afastar a presidente do cargo depois da abertura de um
processo contra ela.
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