brasil em crisePedro Ladeira/Folhapress |
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O presidente do Senado Renan Calheiros e o vice-presidente Michel Temer, ambos do PMDB |
Tido como um dos principais e, ao mesmo tempo, um dos últimos aliados do
governo, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), responsabilizou o vice-presidente da República Michel Temer por grande parte da crise política que assola o país.
Para Renan, o partido perdeu uma oportunidade de "qualificar sua participação no governo" porque, quando Temer assumiu a coordenação política do Planalto, no início do ano, ele se preocupou "apenas com o RH", em uma alusão direta de que o vice fez apenas negociação de cargos.
"Acho que o PMDB tem muita culpa. Quando foi chamado para coordenar o processo político, do governo, da coalizão, o PMDB se preocupou apenas com o RH. Eu adverti sobre isso na oportunidade. O PMDB perdeu a oportunidade de qualificar sua participação no governo. O PMDB tem muita culpa. O governo tem culpa, mas o PMDB também tem muita culpa com o que está acontecendo", disse Renan ao chegar ao Senado nesta quarta (16).
Questionado sobre se a responsabilidade pela crise que o país atravessa seria diretamente de Temer, que é também presidente nacional do PMDB, Renan foi explícito. "O presidente Michel é o presidente do partido. Se alguém tem responsabilidade com relação a isso, é o presidente Michel", disse.
CARTA
Desde que o processo de impeachment foi de deflagrado, no início de dezembro, Temer iniciou um processo de afastamento da presidente Dilma Rousseff. Na semana passada, o peemedebista enviou uma carta para a mandatária em que reclamou da falta de confiança dela e do seu entorno em relação a ele e ao PMDB. Ele chegou a dizer que passou os quatro anos do governo como um "vice decorativo".
Renan também criticou o episódio. "Aquela carta do presidente Michel, que muitos criticaram, a maior crítica que cabe a ela é que, em nenhum momento, ela demonstra preocupação com o Brasil", disse.
Desde então, Temer tem operado para distanciar o PMDB do núcleo central do governo. Ele trabalhou para a destituição do agora ex-líder do partido na Câmara, Leonardo Picciani (RJ) e deu aval à escolha do novo líder, Leonardo Quintão (MG).
A executiva da sigla se reuniu nesta quarta e, por ampla maioria, decidiu barrar filiações que sejam consideradas "oportunistas". A estratégia visa frear a articulação apoiada pelo Palácio do Planalto para reconduzir Picciani à liderança da legenda. A decisão foi tomada por ordem de Temer.
"Fazer reunião para proibir. Um partido democrático, que não tem dono, que se caracteriza por isso, fazer reunião para proibir a entrada de deputado é um retrocesso que deve estar fazendo o doutor Ulysses tremer na cova", criticou Renan ao fazer referência a um dos principais líderes que o partido já teve, Ulysses Guimarães.
A operação para barrar a filiação de deputados alinhados a Picciani no PMDB contou com o aval do vice-presidente Michel Temer. Aliados dele trataram a decisão como uma forma de "impedir uma intervenção do governo Dilma no PMDB".
Picciani, que se alinhou ao Planalto e se tornou um ponto de suporte à petista no Parlamento, foi destituído da liderança no início deste mês depois que a ala pró-impeachment do PMDB produziu um abaixo-assinado em que mais da metade da bancada reivindicava sua queda.
Ele, então, com o apoio do governo Dilma, acionou aliados em outros partidos que migrariam para o PMDB para apoiá-lo e reverter a maioria conquistada pela ala pró-impeachment.
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