Pesquisa Datafolha feita com deputados federais mostra que há mais parlamentares decididos a votar a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff do que os que anunciam ser contrários ao afastamento dela.
Nenhum dos dois lados, no entanto, já tem os votos suficientes para sair vencedor.
Nenhum dos dois lados, no entanto, já tem os votos suficientes para sair vencedor.
A decisão está na mão de uma parcela de 27% dos deputados, o equivalente a 138 parlamentares, que ainda não se definiram ou não responderam à pesquisa.
No levantamento, realizado entre os dias 7 e 18 de dezembro, 42% dos deputados afirmaram que são favoráveis ao afastamento, o equivalente a 215 votos.
Para o impeachment passar na Câmara, são necessários, ao menos, 342 votos, ou dois terços do total. Faltam, portanto, 127 votos.
Do outro lado da disputa, 31% dos parlamentares afirmaram que votariam contra a aprovação do impeachment da presidente. Projetando-se esse percentual ao total de votantes, seriam 159 votos garantidos pró-Dilma. Faltam 12 apoios confirmados para que a presidente atinja a marca de 171 votos, suficiente para sobreviver no cargo.
Se aprovado na Câmara, o impeachment vai ao Senado, onde maioria simples é necessária para que vire um processo. Nesse momento, a presidente seria afastada.
Dilma ainda não tem a garantia do mínimo necessário por problemas em sua própria base. A pesquisa mostra que 26% dos deputados dos partidos formalmente governistas pretendem votar pelo impeachment. No PMDB, a taxa sobe para 33%.
Este é o segundo levantamento do tipo que o Datafolha faz na Câmara.
No primeiro, de 19 a 28 de outubro, a situação de Dilma era ligeiramente melhor.
O contingente favorável ao impeachment reunia 39%, três pontos a menos do que agora. Já os defensores do mandato da petista tinham um ponto a mais, 32%.
E os indecisos ou desinteressados em declarar posição eram 29%.
Entre as duas pesquisas, o país presenciou uma série de eventos com
grande repercussão no mundo da política, como a prisão do então líder do
governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS); a aceitação do pedido de
impeachment por parte do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ);
e a divulgação de uma carta do vice-presidente, Michel Temer (PMDB), à
presidente Dilma em que ele reclama de cargos perdidos.
Houve ainda, enquanto a pesquisa estava em curso, manifestações de rua
contra e a favor do mandato da presidente. Mais recentemente, ocorreram
ações da Polícia Federal de busca e apreensão na casa de Cunha, de dois
ministros e de outros investigados na Lava Jato e o cancelamento, por
decisão do STF, da comissão articulada pelo presidente da Câmara, de
viés fortemente oposicionista, que analisaria o pedido de impeachment.
EDUARDO CUNHA
A situação de Cunha entre seus colegas é pior que a de Dilma. A torcida pela renúncia do peemedebista agora é majoritária.
Para 62% dos deputados, ele deveria tomar a iniciativa de sair. Na pesquisa anterior, 45% pensavam assim.
O Datafolha também perguntou sobre uma eventual votação pela cassação de
Cunha. Os que pretendem votar contra ele somam 60% (eram 35% na
pesquisa anterior). Os que afirmam que votariam contra a cassação são
agora apenas 8% (eram 13%).
A pesquisa sugere que a indecisão em relação ao assunto diminuiu. Antes,
52% dos deputados preferiam não responder sobre uma eventual votação de
cassação de Cunha. A taxa caiu para 32%.
Cunha é acusado por delatores da Lava Jato de receber US$ 5 milhões de
propina do petrolão e de usar requerimentos da Câmara para chantagear
uma empresa.
Chamado de "delinquente" pelo procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, é acusado também de receber outros R$ 52 milhões de uma
empreiteira no exterior.
Ele é suspeito ainda de ter recebido R$ 45 milhões de propina de um
banco, de ter ter contas secretas no exterior e de ter mentido na CPI
sobre isso. Cunha nega todas as acusações.
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