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O pecuarista José Carlos Bumlai, na CPI do BNDES |
Preso pela Operação Lava Jato, o pecuarista José Carlos Bumlai
foi denunciado nesta segunda-feira (14) sob acusação de corrupção,
lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta, por suspeita de ter
participado de um esquema de corrupção na Petrobras e ter repassado
dinheiro ao PT.
Também foram denunciados o filho e a nora de Bumlai (Maurício de Barros Bumlai e Cristiane Dodero Bumlai), três executivos do Schahin (Salim Schahin, Milton Taufic Schahin e Fernando Schahin), os ex-diretores da Petrobras Jorge Zelada e Nestor Cerveró, o ex-gerente da estatal Eduardo Musa, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o lobista Fernando Soares, o Baiano.
Esta é a primeira acusação formal do Ministério Público Federal contra Bumlai. Caso a denúncia seja aceita, Bumlai se torna réu e vai responder pelos fatos na Justiça.
Amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o empresário contraiu um financiamento de R$ 12 milhões com o banco Schahin, em 2004, cujos valores foram transferidos a pessoas ligadas ao PT, segundo a denúncia.
"Ele era um operador do PT", declarou o procurador da República Deltan Dallagnol, que coordena a força-tarefa da Lava Jato.
O empréstimo, obtido "sem garantias reais" e com a intervenção do então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, e do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, nunca foi pago.
De acordo com o Ministério Público Federal, um acordo entre Bumlai e a Schahin, que atua na área de engenharia, garantiu que a empresa perdoasse a dívida em troca de um contrato de US$ 1,6 bilhão com a Petrobras, para a operação de um navio-sonda, em 2009.
"É a ideia básica do capitalismo de compadrio. A Schahin queria estar bem com o poder político", disse Dallagnol. Um dos sócios do grupo, Salim Taufic Schahin, fez acordo de colaboração premiada e confirmou os fatos aos investigadores.
'BARBA'
O negócio entre a Schahin e a Petrobras chegou a ser rejeitado por três vezes pela diretoria executiva da estatal, que apontava "inviabilidade técnica" no projeto.
Foi Bumlai quem intercedeu pelo negócio, segundo a denúncia, se valendo do seu relacionamento com Lula para obter o contrato da Schahin.
"Bumlai respondeu a Baiano que poderia ficar tranquilo, porque Gabrielli e 'Barba' –referindo-se ao ex-presidente Lula– seriam acionados", escrevem os procuradores na denúncia, mencionando o termo de colaboração de Fernando Soares.
O ex-presidente, porém, não é imputado na denúncia, porque faltam indicativos concretos sobre sua suposta intervenção no negócio. "Se isso vier a acontecer, serão adotadas as medidas pertinentes", disse Dallagnol.
A quitação do empréstimo original foi feita por meio da compra e venda de embriões, firmada entre as fazendas de Bumlai e do grupo Schahin –que, para o Ministério Público Federal, foi simulada e caracteriza lavagem de dinheiro.
Os procuradores estimam que a corrupção atingiu R$ 49,6 milhões neste caso (valor do empréstimo original, corrigido por juros), e cobram o ressarcimento de R$ 53,5 milhões à Petrobras pelos denunciados.
Segundo a denúncia, Bumlai se valeu do seu relacionamento com Lula para obter o contrato, considerado "irregular" pela Polícia Federal.
A quitação do empréstimo com o banco Schahin, segundo a denúncia, foi feita por meio de uma simulação de compra e venda de embriões, firmada entre as fazendas de Bumlai e do grupo Schahin –o que, para o Ministério Público Federal, caracterizou lavagem de dinheiro.
O documento será apresentado ao juiz federal Sergio Moro, responsável pelos casos da Lava Jato no Paraná. Cabe a ele aceita-la ou não. Só depois disso é que Bumlai e os outros dez denunciados virarão réus.
CASO CELSO DANIEL
Os promotores e policiais federais ainda investigam quem foram os destinatários finais do empréstimo concedido a Bumlai –que não estão contemplados na denúncia.
No relatório parcial do inquérito, apresentado na sexta-feira (11), a PF informa que parte dos R$ 12 milhões obtidos por Bumlai em 2004 foram transferidos a uma empresa de ônibus do empresário Ronan Maria Pinto -envolvido em desvios na Prefeitura de Santo André (SP), gerida à época pelo prefeito Celso Daniel (PT), morto em 2002.
O silêncio de Ronan Pinto sobre o esquema de corrupção no município teria sido comprado pelo PT, segundo declarou o publicitário Marcos Valério durante as investigações do mensalão. Celso Daniel era coordenador da pré-campanha de Lula à Presidência.
A Polícia Federal do Paraná não fez, por ora, novas diligências sobre o caso.
OUTRO LADO
Bumlai, preso preventivamente há quase três semanas em Curitiba, tem negado irregularidades.
O advogado Arnaldo Malheiros Filho, que defende o empresário, afirmou que considera "temerário e pouco usual" o fato de a denúncia ter sido apresentada no mesmo momento em que ele prestava depoimento à Polícia Federal, na tentativa de esclarecer os fatos.
"É temerário apresentar uma denúncia contra alguém que não foi ouvido", disse Malheiros Filho. "Ele certamente vai rebater os fatos."
Aos investigadores, Bumlai já afirmou que os empréstimos contraídos por si e por suas empresas foram regulares e que a operação com o banco Schahin foi quitada por meio da venda de embriões -a PF diz que a venda nunca existiu.
Recentemente, o pecuarista declarou à CPI do BNDES que sua vida "foi construída pelo trabalho, com muito suor", e disse ter a consciência "absolutamente tranquila" por nunca ter privilegiado algum partido ou político.
A defesa do filho e da nora de Bumlai informou que só irá se manifestar quando tiver acesso formal à denúncia, protocolada nesta segunda na Justiça.
Esta é a primeira acusação formal do Ministério Público Federal contra Bumlai. Caso a denúncia seja aceita, Bumlai se torna réu e vai responder pelos fatos na Justiça.
Amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o empresário contraiu um financiamento de R$ 12 milhões com o banco Schahin, em 2004, cujos valores foram transferidos a pessoas ligadas ao PT, segundo a denúncia.
"Ele era um operador do PT", declarou o procurador da República Deltan Dallagnol, que coordena a força-tarefa da Lava Jato.
O empréstimo, obtido "sem garantias reais" e com a intervenção do então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, e do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, nunca foi pago.
De acordo com o Ministério Público Federal, um acordo entre Bumlai e a Schahin, que atua na área de engenharia, garantiu que a empresa perdoasse a dívida em troca de um contrato de US$ 1,6 bilhão com a Petrobras, para a operação de um navio-sonda, em 2009.
"É a ideia básica do capitalismo de compadrio. A Schahin queria estar bem com o poder político", disse Dallagnol. Um dos sócios do grupo, Salim Taufic Schahin, fez acordo de colaboração premiada e confirmou os fatos aos investigadores.
'BARBA'
O negócio entre a Schahin e a Petrobras chegou a ser rejeitado por três vezes pela diretoria executiva da estatal, que apontava "inviabilidade técnica" no projeto.
Foi Bumlai quem intercedeu pelo negócio, segundo a denúncia, se valendo do seu relacionamento com Lula para obter o contrato da Schahin.
"Bumlai respondeu a Baiano que poderia ficar tranquilo, porque Gabrielli e 'Barba' –referindo-se ao ex-presidente Lula– seriam acionados", escrevem os procuradores na denúncia, mencionando o termo de colaboração de Fernando Soares.
O ex-presidente, porém, não é imputado na denúncia, porque faltam indicativos concretos sobre sua suposta intervenção no negócio. "Se isso vier a acontecer, serão adotadas as medidas pertinentes", disse Dallagnol.
A quitação do empréstimo original foi feita por meio da compra e venda de embriões, firmada entre as fazendas de Bumlai e do grupo Schahin –que, para o Ministério Público Federal, foi simulada e caracteriza lavagem de dinheiro.
Os procuradores estimam que a corrupção atingiu R$ 49,6 milhões neste caso (valor do empréstimo original, corrigido por juros), e cobram o ressarcimento de R$ 53,5 milhões à Petrobras pelos denunciados.
Segundo a denúncia, Bumlai se valeu do seu relacionamento com Lula para obter o contrato, considerado "irregular" pela Polícia Federal.
A quitação do empréstimo com o banco Schahin, segundo a denúncia, foi feita por meio de uma simulação de compra e venda de embriões, firmada entre as fazendas de Bumlai e do grupo Schahin –o que, para o Ministério Público Federal, caracterizou lavagem de dinheiro.
O documento será apresentado ao juiz federal Sergio Moro, responsável pelos casos da Lava Jato no Paraná. Cabe a ele aceita-la ou não. Só depois disso é que Bumlai e os outros dez denunciados virarão réus.
CASO CELSO DANIEL
Os promotores e policiais federais ainda investigam quem foram os destinatários finais do empréstimo concedido a Bumlai –que não estão contemplados na denúncia.
No relatório parcial do inquérito, apresentado na sexta-feira (11), a PF informa que parte dos R$ 12 milhões obtidos por Bumlai em 2004 foram transferidos a uma empresa de ônibus do empresário Ronan Maria Pinto -envolvido em desvios na Prefeitura de Santo André (SP), gerida à época pelo prefeito Celso Daniel (PT), morto em 2002.
O silêncio de Ronan Pinto sobre o esquema de corrupção no município teria sido comprado pelo PT, segundo declarou o publicitário Marcos Valério durante as investigações do mensalão. Celso Daniel era coordenador da pré-campanha de Lula à Presidência.
A Polícia Federal do Paraná não fez, por ora, novas diligências sobre o caso.
OUTRO LADO
Bumlai, preso preventivamente há quase três semanas em Curitiba, tem negado irregularidades.
O advogado Arnaldo Malheiros Filho, que defende o empresário, afirmou que considera "temerário e pouco usual" o fato de a denúncia ter sido apresentada no mesmo momento em que ele prestava depoimento à Polícia Federal, na tentativa de esclarecer os fatos.
"É temerário apresentar uma denúncia contra alguém que não foi ouvido", disse Malheiros Filho. "Ele certamente vai rebater os fatos."
Aos investigadores, Bumlai já afirmou que os empréstimos contraídos por si e por suas empresas foram regulares e que a operação com o banco Schahin foi quitada por meio da venda de embriões -a PF diz que a venda nunca existiu.
Recentemente, o pecuarista declarou à CPI do BNDES que sua vida "foi construída pelo trabalho, com muito suor", e disse ter a consciência "absolutamente tranquila" por nunca ter privilegiado algum partido ou político.
A defesa do filho e da nora de Bumlai informou que só irá se manifestar quando tiver acesso formal à denúncia, protocolada nesta segunda na Justiça.
O advogado de Eduardo Musa, Antonio Figueiredo Basto, disse que ainda não teve acesso à denúncia e preferiu não comentá-la.
A Folha ainda não conseguiu contato com os advogados dos demais denunciados.
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