Em Brasília
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), reagiu
na tarde desta quinta-feira, 16, à informação de que o delator da Operação Lava Jato Júlio Camargo disse à Justiça Federal que ele teria pedido US$ 5 milhões em propina por contrato.
Após reunião com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL),
para tratar da agenda legislativa do segundo semestre, Cunha disse que
Camargo foi obrigado a mentir pelo procurador-geral da República,
Rodrigo Janot.
"O delator foi obrigado a mentir. E acho muito estranho ser na véspera do pronunciamento
que estou citando e em uma semana que a parte do Poder Executivo
envolvido no cumprimento dos mandados judiciais tenha agido com aquela
fanfarronice toda. Ou seja, há um objetivo claro de constranger o Poder
Legislativo e que pode ter o Poder Executivo por trás em articulação com
o procurador-geral da República", acusou.
Cunha disse achar
"estranho" que, num período de aprofundamento de discussão de um
eventual pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff,
queiram, nas suas palavras, "constranger o Poder Legislativo". "Acho
isso um absurdo e não vou aceitar ser constrangido", avisou.
'Estardalhaço'
O peemedebista criticou o "estardalhaço"
feito na Operação Politeia, "com helicóptero em prédio de senador". O
presidente da Câmara disse que não se deixará fragilizar pelo episódio.
Sobre o depoimento de Camargo, Cunha reiterou que se trata de "ilação" e
que sua fala não traz nenhum fato concreto. "Esta delação que foi feita
dele não existe. Ela é nula porque foi homologada por autoridade
incompetente. Se eu faço parte da delação dele, não é o juiz que poderia
homologá-la", concluiu.
Cunha terá um pronunciamento em cadeia
de rádio e TV amanhã e não pretende alterar seu discurso. Ele explicou
que o pronunciamento será sobre as atividades da Casa e não para sua
defesa pessoal.
Ele se dispôs a retornar na CPI da Petrobras
para prestar esclarecimentos, se for necessário. Também se colocou à
disposição para participar de acareação com o delator, que já foi
convocado. "Eu faço olho no olho com quem quiser, não tenho dificuldade
nenhuma de rebater quem quer que seja. Quem não deve não teme. E ele
está mentindo. E o delator tem que provar sua mentira. O ônus da prova é
de quem acusa", afirmou.
O peemedebista não demonstrou
preocupação com os depoimentos dos representantes da Mitsui e da Samsung
Heavy Industries, que estavam marcados para esta semana e serão
reagendados. "Que investiguem tudo", disse.
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