terça-feira, 21 de julho de 2015

Temer promete manter Levy caso concorra à Presidência e seja eleito

 O vice-presidente Michel Temer (PMDB) afirmou a investidores estrangeiros que, caso seja o candidato do PMDB à Presidência em 2018 e seja eleito, manterá o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, no governo.

"Claro, claro. Ele está fazendo um belo trabalho", justificou. Temer teria sido aplaudido nesse momento, segundo um participante.

Em almoço em Nova York, nesta terça (21), Temer foi praticamente sabatinado sobre a crise no Brasil. Os investidores mostraram conhecer detalhes do escândalo da Petrobras e a crise gerada pela ida do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), à oposição.

À mesa, estavam cerca de 30 investidores de grupos como Pimco, Goldman Sachs, JP Morgan e Nomura.

Após o evento, a assessoria da Vice-Presidência distribuiu uma nota à imprensa informando que "as empresas reunidas no almoço gerenciam fundos de capitais que somados atingem US$ 14 trilhões, valor sete vezes superior ao PIB do Brasil".

Temer minimizou pesquisa CNT/MDA que apontou que o governo Dilma Rousseff (PT) registrou a pior aprovação da série histórica, 7,7%.

"Isso é cíclico, né? Aconteceu em muitos governos e a avaliação depois melhora. Vamos aguardar o futuro", afirmou.

O vice-presidente comentou ainda a defesa de Dilma sobre as pedaladas fiscais no Tribunal de Contas da União. A presidente tem até quarta (22) para apresentar sua explicação de por que o pagamento de contas do Tesouro Nacional foram feitos por bancos públicos.

"Conheço [a defesa] juridicamente. Acho que está muito bem montada. Agora, o que o Tribunal vai decidir, cabe ao Tribunal, né?"

Mais cedo, em palestra para advogados, o vice-presidente afirmou que, "evidentemente, pode ocorrer um dia qualquer em que o PMDB resolva deixar o governo, especialmente se, em 2018, entender ter uma candidatura presidencial".

Temer disse que toca no assunto "singelamente, suavemente, com uma questão política, e não de atrito pessoal. Jogando água no fogo, e não gasolina".

OPOSIÇÃO

O vice-presidente criticou a postura da oposição. "No Brasil, sempre foi assim. Quem perdeu a eleição acha que tem que contestar", afirmou. "[A oposição] deve se opor por uma questão de mérito, não simplesmente porque perdeu."

"O sistema jurídico impõe que a oposição fiscalize, critique, observe, contrarie e controverta, precisamente para ajudar a governar", discursou.

Na sequência, ele emendou: "Tenho colegas jornalistas brasileiros aqui e não estou fazendo nenhuma crítica à oposição lá do Brasil. Os que foram oposição hoje foram situação no passado e poderão vir a ser situação no futuro. A coisa é sempre a mesma. Enquanto você não mudar os costumes políticos, ninguém vai ter esse conceito jurídico positivo de situação e oposição".

Temer fez referência à postura da base aliada de votar contra o governo e da oposição de votar a favor em algumas questões como a do ajuste fiscal no que diz respeito a direitos trabalhistas para mostrar como é complexo o sistema político brasileiro.

AÉCIO

O presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), rebateu as críticas de Temer à oposição. O tucano disse que os oposicionistas atuam na defesa das instituições e da população brasileira, especialmente os mais pobres, "penalizados pelo ajuste fiscal patrocinado pelo PT".

Segundo Aécio, Temer tem razão ao afirmar que a oposição deve ser exercida em função do mérito das ações do governo federal. "É isso que o PSDB tem feito", disse o tucano em nota.

O senador também lista, na nota, motivos para que a oposição seja contrária ao atual governo, como as pedaladas fiscais para "maquiar contas" do governo, as "mentiras" repassadas pelo PT à população e a "corrupção endêmica" instalada no governo federal. "Somos oposição porque respeitamos o Brasil e os brasileiros."

Sobre a declaração de Temer de que o PMDB pode ter candidato próprio à Presidência em 2018, levando à saída do partido do governo, Aécio disse que é uma questão "interna" da sigla "sobre a qual não cabe ao PSDB comentar". 


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