segunda-feira, 6 de julho de 2015

Em reunião, Dilma monta operação de 'defesa prévia' para pedaladas

Preocupada com os desdobramentos de uma possível rejeição das contas do governo pelo TCU (Tribunal de Contas da União), a presidente Dilma Rousseff montou uma operação de "defesa prévia" do Palácio do Planalto e pediu que os parlamentares da base aliada a defendam no Congresso.

Em reunião na noite desta segunda-feira (6) no Palácio da Alvorada, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, e o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, fizeram uma apresentação sobre as explicações 
que o governo dará ao TCU no dia 21 de junho a respeito das chamadas "pedaladas fiscais", prática condenada pelo órgão.

As explicações, afirmam participantes do encontro, devem ser usadas pelos parlamentares como argumento para defender Dilma publicamente no Congresso.

A presidente ponderou que as "pedaladas fiscais" eram usadas por outros governos e que a prática foi apenas uma operação cotidiana entre o Tesouro e a Caixa.

Em junho, técnicos do TCU apontaram várias irregularidades nas contas do governo federal em 2014, incluindo as chamadas "pedaladas" fiscais, que permitiram ao governo segurar despesas com ajuda dos bancos públicos que pagam, por meio de transferências, benefícios como Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida.

   
Ed Ferreira/Folhapress
Dilma conversa com o vice-presidente, Michel Temer, ao fim da reunião do conselho politico
Dilma conversa com o vice-presidente, Michel Temer, ao fim da reunião do conselho politico


Ao deixar a reunião, o líder do PT na Câmara, deputado Sibá Machado (PT-AC), disse que "não havia regra estabelecida para a apresentação das contas".

"A única regra, de 1991, foi cumprida somente pelo Banco Central e como tal sempre foi aceita nos governos de Fernando Henrique Cardoso, Lula, e outros. O FMI (Fundo Monetário Internacional) sempre aceitou, mas vão contestar essa regra agora?", questionou. "Não há o que temer, o TCU exagerou", concluiu.

A presidente vai escalar seus ministros, em especial Barbosa e Adams, para percorrer comissões e discutir o assunto com os parlamentares. O Planalto acredita que, se ganhar esse debate no Congresso, pode evitar que o TCU rejeite as contas. O papel do órgão é recomendar a aprovação ou rejeição das contas. O Congresso, em última instância, julga as contas da presidente.

Segundo participantes do encontro, a reunião e a fala de Dilma tiveram o objetivo de "transmitir normalidade" em um momento de crise aguda.

SOLIDARIEDADE

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirmou que, nesta terça (7), líderes dos partidos aliados vão se reunir com o vice-presidente Michel Temer e elaborar uma nota "em solidariedade" a ele e a Dilma.

"Será um compromisso em defesa da Constituição", afirmou.

Nos bastidores, o governo tem se preocupado com os movimentos pelo afastamento da presidente que ganharam força na oposição com o agravamento da crise que acomete o Palácio do Planalto.

'APELO DRAMÁTICO'

Dilma, segundo dirigentes partidários, fez um "apelo dramático" ao Congresso contra a aprovação do 
projeto que altera a remuneração do FGTS, em tramitação na Câmara.

A presidente disse, de acordo com os relatos, que a aprovação desse texto "acaba com o Minha Casa, Minha Vida". A petista afirmou que pretende lançar em agosto a terceira etapa do programa e que a nova correção obrigaria o governo a "refazer todo o projeto", adiando seu laçamento.

Os líderes da base aliada firmaram um compromisso para adiar essa votação, segundo um dirigente partidário.

Depois de se reunir com os ministros, líderes da base e presidentes dos partidos aliados, a presidente fez uma reunião com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Até as 22h desta segunda, eles ainda estavam reunidos.



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