7 de outubro de 2014 por mansueto
De vez em quando volto aos meus posts antigos para ver o meu
grau de acerto e erro do que falei antes dos fatos acontecerem. O meu
blog na próxima semana deve alcançar a marca de 1.000.000 (um milhão) de
acessos, o que me deixa particularmente feliz pelo tipo de debate que
promovi por aqui e pelo que aprendi com os leitores do blog.
Hoje, que chamar atenção para alguns dos meus posts antigos porque
continuam muito atuais. Primeiro, para mostrar o tipo de convicção que
não existe na equipe econômica, recomendo a leitura desse meu post (meta fiscal é possível aumentar? não)
do dia 23 de janeiro de 2014 no qual mostrava que o governo não devia
aumentar a meta do primário porque seria impossível cumprir. Como falei
neste post em janeiro:
“Por incrível que pareça, na minha
modesta opinião, seria melhor o governo se comprometer com um superávit
primário consolidado mais baixo do que o ano passado, mas que seja real,
do que tentar aumentar a meta, pois neste caso todos começarão a pensar
de novo nos recorrentes truques contábeis até porque os mágicos estão
prontos e preparados para uma novo show”.
A maior marca deste governo é que ele não para de errar. No icio do
ano queriam mostrar uma prova de autoridade para o mercado e o que
marcou o primeiro semestre de 2014 foram atrasos do Tesouro para a Caixa
Econômica Federal pagar benefícios sociais. É este o tipo de governo
com “credibilidade” que temos.
Segundo, no dia 31 de janeiro escrevi um artigo no valor (o S do BNDES é de social ou de setor publico)
que continua atual e que vai nos trazer um problema daqui a dois anos.
Nos últimos dois anos ocorreu forte expansão da divida dos estados e,
com o baixo crescimento, esses entes da federação terão problemas de
começar os pagamentos daqui a dois anos. Apenas para enfatizar, o
aumento da divida dos estados foi algo programa e incentivado pelo
governo federal. Hoje, isso só acontece na magnitude que aconteceu se
tiver o apoio explicito do Tesouro Nacional.
Terceiro, no dia 21 de fevereiro de 2014 escrevi a pedidos de muito
dos meus leitores sobre o contingenciamento de R$ 30 bilhões anunciados
pelo governo (clique aqui).
Eu escrevi que o governo estava cortando vento e o “corte” de R$ 13,5
bilhões das despesas obrigatórias, na verdade reestimativa, teria que
ser revisto até o final do ano. O governo falou que a compensação do
Tesouro ao INSS por conta da desoneração da folha de salários seria de
R$ 11 bilhões no ano. Falei na época que isso não seria possível. Sabem
quanto o governo já gastou até agosto deste ano com esta conta? R$ 11,3
bilhões. Depois das eleições vão anunciar a correção para cima da conta e
encontrar alguma desculpa esfarrapada para o não cumprimento do
primário.
Eu poderia continuar revistando meus posts antigos e vou continuar,
mas em outro post. Por enquanto, o conjunto os três posts acima
do início do ano são suficientes para mostrar como o governo atual
planeja mal e faz análises inconsistentes. Se o governo tivesse uma boa
gestão econômica teria reduzido a meta do primário no inicio do ano e
sinalizado para uma recuperação mais gradual depois das eleições. Mas
recorreu novamente a truques contábeis e, assim, se reeleito terá que
fazer uma ajuste doloroso para a grande decepção de seus eleitores que
acreditam que o Brasil vai muito bem e pode gastar muito mais.
E no caso de vitória da oposição? o ajuste será necessário, mas o
custo muito menor por causa da confiança que Arminio Fraga passa aos
mercados. O simples fato de Aécio ter passado para segundo turno levou a
uma forte valorização de mais de 10% nas ações de estatais.
Independentemente do meu viés politico, sem dúvida um ajuste com
Arminio Fraga terá um custo MUITO menor do o ajuste com a reeleição da
presidente Dilma e a indicação do seu novo Ministro da Fazenda
empresário que não vai durar dois anos no cargo. Acho que deixa o
governo no primeiro ou no segundo grito que levar da presidenta (PS: não
sei se isso é verdade mas os jornais falam que a nossa presidenta não é
exatamente uma pessoa calma).
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POLÍTICA E ECONOMIA