sábado, 18 de julho de 2015

'O senhor é diferente pessoalmente', disse funcionário de Youssef a Collor




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"O senhor é diferente, pessoalmente, do que aparece na televisão."

Em seu acordo de delação premiada, Rafael Angulo Lopes, braço direito do doleiro Alberto Youssef contou ter feito essa declaração a Fernando Collor de Mello (PTB-AL) porque o senador parecia ser mais velho pessoalmente.

A frase, disse, provocou um sorriso forçado do ex-presidente e teria encerrado o encontro com Angulo. Na visita, o emissário de um dos principais delatores do esquema de corrupção da Petrobras teria repassado suposta propina no valor de R$ 60 mil ao ex-presidente.

Angulo revelou aos investigadores que se encontrou com o congressista em seu apartamento, em São Paulo, localizado na Bela Vista. O prédio, que seria de luxo, tinha vários seguranças que monitoraram seu deslocamento no local.

Ele disse que quando chegou ao imóvel, foi levado para uma sala grande, com móveis antigos, coloniais em tons dourados, e que após alguns minutos foi atendido pessoalmente por Collor.

De acordo com o emissário, Collor trancou a sala com chave, o levou para outra antessala e questionou sobre a visita. Ele explicou que deseja entregar um "documento", e questionou se Collor sabia quantas páginas tinha.

O funcionário de Youssef reproduziu o seguinte diálogo: "O senhor que está vindo, o senhor que deve saber", teria afirmado Collor de maneira séria. "Eu trouxe 60, o senhor sabe", rebateu. "Sei", respondeu Collor.

Ângulo disse que repassou pacotes com notas de R$ 100 ao ex-presidente, que estavam escondidos em seu paletó e nos bolsos de sua calça. O parlamentar teria dito apenas "tudo bem", e não contou o dinheiro.

A entrega do dinheiro também teria sido confirmada por Youssef. O doleiro afirmou que fez vários depósitos para o senador a pedido de Paulo Leoni Ramos. Secretário de Assuntos Estratégicos da gestão Collor (1990-1992), Leoni é acusado de ser receptor de propina para o senador em um contrato com a BR Distribuidora.

De acordo com o Ministério Público, o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) identificou operações financeiras suspeitas de Collor de R$ 798 mil, entre março de 2011 e abril de 2013.

Leoni também teve seu apartamento, em São Paulo, vasculhado pela Polícia Federal em cumprimento aos mandados de busca e apreensão durante ação da Lava Jato nesta terça. Collor foi um dos alvos da operação.


Em nota, o ex-ministro confirmou que houve busca e apreensão em sua casa e "reafirmou sua total disposição em prestar quaisquer esclarecimentos às autoridades em qualquer momento que lhe for solicitado".

 

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