O rompimento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com o governo aumentou a pressão de aliados para que a presidente Dilma Rousseff faça mudanças no núcleo de sua articulação política.
O principal alvo é o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil), que teve a saída defendida por parte do PMDB e pelo ex-presidente Lula em conversas reservadas.
Uma das opções defendidas pelos governistas seria entregar o cargo para o ministro Jaques Wagner, que comanda a Defesa, pasta que Mercadante assumiria.
Pedro Ladeira/Folhapress | |
Cunha cumprimenta Dilma Rousseff em cerimônia comemorativa ao Dia do Exército, em Brasília |
Nas palavras de aliados, a troca "oxigenaria" a cúpula do governo e abriria um novo canal de interlocução com deputados e senadores. Dilma, no entanto, tem demonstrado resistência.
A presidente comanda na manhã desta segunda (20) uma reunião ampliada de sua coordenação política, com ministros da chamada "cozinha" do Planalto e líderes de partidos da base aliada. Um dos temas será o agravamento da crise institucional.
Na visão de integrantes da coordenação, a dança das cadeiras no núcleo do governo seria fundamental para tentar amainar o clima de turbulência agravado pelo fato de o presidente da Câmara ter deixado de ser um aliado incômodo para se tornar um adversário declarado.
A mudança de postura do peemedebista foi provocada pela acusação do lobista Julio Camargo, um dos delatores da Lava Jato, de que ele foi destinatário de US$ 5 milhões de propina oriundos da corrupção na Petrobras. Cunha atribui ao Planalto pressão sobre o Ministério Público para implicá-lo no caso.
Embora não seja responsável diretamente pela articulação política do governo –a função é do vice-presidente Michel Temer (PMDB)–, Mercadante é apontado, nos bastidores, como responsável por atrapalhar as relações do governo com o Congresso.
Entre as reclamações estão o bloqueio do pagamento de verbas destinadas pelos congressistas no Orçamento para seus redutos eleitorais e nomeações para postos em ministérios e estatais.
Mercadante trabalhou contra a eleição de Cunha para a presidência da Câmara (o governo apoiou o petista de São Paulo Arlindo Chinaglia), o que aumentou seu desgaste dentro do PMDB.
Outra demanda de governistas é para que o ministro peemedebista Eliseu Padilha (Aviação Civil) seja oficializado na função de braço direito de Temer na articulação política. Padilha nega a intenção de assumir o posto.
O governo também espera que as duas semanas do recesso parlamentar, que terminará no início de agosto, deem um fôlego para que o Planalto consiga apaziguar os ânimos no Congresso.
Outra expectativa é a de que, cumprindo a promessa de pagar as emendas a parlamentares e de nomear os cargos do segundo escalão, o governo enfraquecerá Cunha, deixando ele mais isolado.
A previsão é que, até agosto, o governo cumpra as promessas, o que traria uma "normalidade para a articulação política", como descreveu um ministro.
AFASTAMENTO
Neste domingo (19), o deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) uniu-se ao vice-líder do governo, Sílvio Costa (PSC-PE), e à bancada do PSOL na defesa do afastamento imediato do peemedebista.
"Como ele vai ficar na Presidência da Câmara dos Deputados acusado como foi, com todas as letras e toda clareza possível? Fica difícil, imensamente complicado. Não custa deixar o cargo temporariamente", disse Jarbas.
O afastamento de políticos envolvidos na Lava Jato também foi defendido pela ex-senadora Marina Silva, candidata à sucessão presidencial em 2014, em artigo publicado no portal G1.
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