terça-feira, 11 de novembro de 2014

Tucano acusa Dilma de 'estelionato eleitoral' e troca farpas com Gleisi


Líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP) trocou farpas nesta segunda-feira (10) com a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) no plenário do Senado depois de acusar a presidente Dilma Rousseff de ser "mentirosa" e ter praticado "estelionato" durante a campanha eleitoral. 

O tucano, que foi candidato a vice-presidente na chapa de Aécio Neves (PSDB), disse que Dilma mentiu quando acusou o tucano de planejar medidas, caso fosse eleito para a Presidência da República, que acabaram adotadas pela própria petista. 

Segundo Aloysio, Dilma "vendeu" ao país a imagem de que a economia estava sob controle, mas deu início a um "tarifaço" com o aumento nos preços da energia, da gasolina e da taxa básica de juros, a Selic. 

"A candidata Dilma mentiu sobre questões essenciais de seu governo, além de ter mentido sobre o nosso. Ela mentiu ao dizer que a inflação estava sob controle, mentiu ao dizer que a proposta da candidata Marina Silva [PSB] de conferir independência ao Banco Central iria tirar o prato de comida da mesa do trabalhador. Ela sabe que é mentira", disse. 

O Banco Central elevou a Selic a 11,25% na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), realizada na semana seguinte à eleição. 

A alta do dólar e a piora nas contas públicas foram os motivos que levaram cinco dos oitos integrantes do Copom, incluindo o seu presidente Alexandre Tombini, a decidir elevar a chamada taxa Selic –três diretores votaram pela manutenção do juro. 

A inflação acumulada nos 12 meses encerrados em outubro ficou em 6,59%, acima do teto da meta do governo (6,5%). 

E na semana passada, após autorização dada pelo ministro Guido Mantega (Fazenda), a Petrobras elevou em 3% o preço da gasolina

Ao também acusar a presidente de ter praticado estelionato, Aloysio disse que o crime se aplica àqueles que querem "obter para si vantagens com o prejuízo alheio ou induzem alguém ao erro mediante artifício ardil" —o que se aplicaria a Dilma com uma conotação política. 

"Não é exatamente assim que se pode classificar as mentiras da candidata. Mas no sentido político, no sentido moral, isso sim. Nós estaremos aqui, nesses quatro anos, fazendo permanentemente esse julgamento. Fiscalizando, cobrando, não dando um instante de trégua, porque esse é o papel da oposição." 


Marcos Oliveira/Agência Senado
O senador Aloysio (PSDB-SP), durante discurso no Senado
O senador Aloysio (PSDB-SP), durante discurso no Senado
 
GLEISI
Em resposta ao tucano, Gleisi pediu que Aloysio "desça do palanque" e ajude a presidente Dilma a governar o país. A petista foi ministra da Casa Civil de Dilma de 2011 até fevereiro deste ano. 

"Queria fazer convite ao senador, que foi guerreiro na sua candidatura à Vice-Presidência, para que a gente possa descer do palanque e unir os nossos esforços em favor do Brasil. Ajustes orçamentários, na área econômica de um governo, são absolutamente normais", afirmou a petista. 

Gleisi disse que as palavras "mentirosa" e "estelionatária" são muito "fortes" para serem aplicadas à presidente da República. 

"Tenho plena clareza que as medidas tomadas pela presidente Dilma em nenhum momento contradizem sua posição da campanha. Não vejo base para Vossa Excelência vir aqui acusar a presidente de mentirosa ou estelionatária política. São palavras que não condizem com a realidade. Ela é presidente da República." 

Aloysio rebateu a ex-ministra da Casa Civil ao afirmar que sua função "não é ficar no palanque e nem ir ao Planalto", mas fazer oposição ao governo federal no Congresso.
 
SECA EM SP
Ao citar palavras de Aloysio, Gleisi disse que o governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB), aliado do tucano, também negou ao longo da campanha à reeleição que houvesse falta de água em São Paulo. 

Aloysio respondeu afirmando ser uma "infâmia" dizer que a seca atinge apenas o Estado de São Paulo porque houve falta de planejamento do governo, no que foi contestado pela ex-ministra. 

"Foi falta de planejamento, sim. Conseguimos enfrentar o problema em outros Estados. 

São Paulo é o Estado mais rico dessa federação, com técnicos, e não fez planejamento. A presidente vai ajudar o Estado de São Paulo", rebateu Gleisi. 

"É o dever dela", retrucou o tucano.

O bate-boca terminou depois que a petista disse que os dois poderiam passar a tarde discutindo sobre as eleições, mas que a missão de ambos é "tocar o país". 

Desde que Gleisi retornou ao Senado, em fevereiro, a petista e o líder do PSDB protagonizaram sucessivos embates –ela, em defesa de Dilma, e o tucano, falando pela oposição. O senador vem exercendo a função de principal liderança do PSDB na Casa, o que agora promete ser cumprido por Aécio Neves (PSDB-MG) –que não apareceu no Congresso nesta segunda-feira. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

POLÍTICA E ECONOMIA