Em janeiro de 2010, quando ocupava a
Presidência da República e Dilma Rousseff era ministra-chefe da Casa
Civil, Lula vetou os dispositivos da lei orçamentária aprovada pelo
Congresso que bloqueavam o pagamento de despesas de contratos da
Petrobrás consideradas superfaturadas pelo Tribunal de Contas da União
(TCU). Lula sabia exatamente o que estava fazendo, tanto que se empenhou
em justificar longamente sua decisão, na mensagem de veto encaminhada
ao Congresso. E é impossível que Dilma Rousseff ignorasse o assunto,
pois o veto foi encaminhado ao Congresso pela Mensagem n.º 41, de
26/1/2010, da Casa Civil.
Até um cego enxerga que os
governos petistas permitiram, quando não estimularam, as
irregularidades na Petrobrás. E agora está claro e confirmado que Lula e
Dilma não desconheciam o assalto à maior empresa brasileira. Tudo está
registrado no Diário Oficial da União.
As evidências são
abundantes, resultado do trabalho do TCU, da Controladoria-Geral da
União (CGU), da Polícia Federal (PF) e também do Congresso Nacional. E
agora a empresa holandesa SBM Offshore, fornecedora da Petrobrás, faz um
acordo com o Ministério Público de seu país pelo qual pagará US$ 240
milhões em multas e ressarcimentos para evitar processo judicial por
corrupção por ter feito "pagamentos indevidos" para obter contratos no
Brasil, na Guiné Equatorial e em Angola. Os pagamentos incluem US$ 139
milhões relativos a contratos com a estatal brasileira. No Brasil, o
assunto já é objeto de investigação pela CGU.
Sempre que é
questionada sobre os sucessivos escândalos envolvendo a Petrobrás, Dilma
alega que os "malfeitos" aparecem porque ela própria "manda
investigar", como se o TCU, a CGU e a PF dependessem de ordem direta da
Presidência da República para cumprir suas obrigações constitucionais.
Ao contrário de "mandar" investigar, o governo tem feito o contrário,
tentando, por exemplo, esvaziar o trabalho das duas comissões de
inquérito do Congresso ou vetando medidas profiláticas como as sugeridas
pelo TCU.
O vínculo do PT com a corrupção na gestão da
coisa pública não se explica apenas pela vocação de notórios larápios,
mas principalmente pela marota convicção de que, num ambiente dominado
pelos famosos "300 picaretas", é indispensável dispor sempre de "algum"
para ajeitar as coisas. Em outras palavras: a governabilidade exige
engrenagens bem azeitadas.
Pois foi exatamente com esse
espírito que Lula, com o óbvio conhecimento de Dilma, ignorou
solenemente o acórdão do TCU que apontava graves irregularidades em
obras da Petrobrás e vetou os dispositivos da lei orçamentária que,
acatando a recomendação do Tribunal de Contas, impediam os repasses
considerados superfaturados. Só com isso, Lula permitiu a liberação de
R$ 13,1 bilhões para quatro obras da Petrobrás, dos quais R$ 6,1 bilhões
eram destinados à construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
Ao
vetar, "por contrariedade ao interesse público", os dispositivos da lei
de meios que coibiam a bandalheira, Lula argumentou que a aceitação das
recomendações do TCU sobre as quatro obras implicaria "a paralisação
delas, com prejuízo imediato de aproximadamente 25 mil empregos e custos
mensais da ordem de R$ 268 milhões, além de outros decorrentes da
desmobilização e da degradação de trabalhos já realizados". Ou seja, a
corrupção embutida nos contratos da Petrobrás, comprovada pelo TCU,
seria um mal menor. Perfeitamente aceitável para quem acredita e apregoa
que "excessos de moralismo" são coisas de "udenistas" e "burgueses
reacionários".
Mesmo se admitindo - só para argumentar e na
mais indulgente das hipóteses - que o veto de Lula, afinal, tenha
beneficiado o interesse público, é o caso de perguntar: o que foi feito,
daí para a frente, para coibir os notórios "malfeitos" na Petrobrás? Os
operadores da bandalheira permaneceram rigorosamente intocados,
enriquecendo e distribuindo o dinheiro da Petrobrás para políticos
amigos até o fim do mandato de Lula.
Depois de assumir o
governo, Dilma jamais deu importância ao assunto publicamente,
limitando-se a garantir que "mandou apurar" tudo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
POLÍTICA E ECONOMIA