domingo, 30 de novembro de 2014

Guiada por Lula, Dilma tenta retornar para 2003


Cada ano novo é como um recomeço. Você tem a oportunidade de fazer os planos que quiser. Pode traçar novas coordenadas para sua vida. A primeira resolução de Dilma Rousseff para 2015, por exemplo, foi tomada por Lula. Prevê uma viagem de volta para o arrocho monetário e fiscal de 2003, primeiro ano da Era Lula.

No caminho para o passado, Dilma tentará convencer empresários e investidores de que virou outra mulher. Foi convencida de que quem ela era até a campanha eleitoral de 2014 não estava preparada para o sucesso. Foi boa enquanto durou. Reeleita, virou outra, mais realista que Aécio Neves. Ainda é petista, mas da linha Joaquim Levy.

Se tudo correr como Lula planejou, Levy produzirá agora o mesmo arrocho que resultou nos superávits de 11 anos atrás. Depois da asfixia, o PIB colocaria a cabeça para fora do buraco a partir de 2016. E Dilma atravessaria 2017 e 2018 em triunfo. Beleza. Porém, três fatores conspiram contra a estratégia do recomeço:

1. Dilma não traz na cintura as mesmas roldanas de Lula. A parte que ela mais gosta do diálogo é quando consegue fazer o outro calar a boca.

2. Sob Lula, Levy era Secretário do Tesouro. Manuseava a tesoura no banco de trás, com o petista Antonio Palocci no volante. Hoje, Levy é o para-choque de si mesmo.

3. O mensalão, pano de fundo político de 2003, mostrou que não existiam mais coisas nossas. O petrolão, cenário de 2015, prova que só existe cosa nostra.

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