“O PT só enxerga o PMDB como parceiro na hora de limpar a sujeira”, disse o
deputado baiano Lúcio Vieira Lima, vice-líder da bancada peemedebista.
“Nós não vamos fazer como naqueles filmes em que um grupo mata e depois
entra a turma da limpeza. A coligação com o PT não me obriga, por
exemplo, a proteger tesoureiro de partido”, completou, referindo-se a
João Vaccari Neto, o gestor das arcas petistas.
A analogia de
Lúcio evoca o personagem encarnado pelo ator Harvey Keitel no filme Pulp
Fiction. Chama-se ‘The Wolf’. Entra em cena sempre que é necessário
limpar o sangue e apagar os rastros de um crime (veja um trecho no
vídeo). É esse papel que o PMDB da Câmara refuga, disse o vice-líder da
bancada comandada por Eduardo Cunha.
Deve-se a acidez de Lúcio às insinuações feitas por operadores políticos do Planalto segundo as quais o PMDB teria tramado a favor das duas derrotas que o bloco governista sofreu no Congresso ao longo da semana. Numa, os partidos de oposição aprovaram um lote de requerimentos na CPI mista da Petrobras. Entre eles o que prevê a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do tesoureiro Vaccari.
Noutra, o bloco que dá suporte congressual a Dilma não conseguiu aprovar na Comissão de Orçamento a proposta que autoriza o governo a descumprir sua própria meta de economia de gastos, autorizando-o a fechar a contabilidade de 2014 inclusive com as contas no vermelho.
Membro dos dois colegiados, Lúcio aplicou um voto no cravo e outro na ferradura. Na CPI, votou a favor da quebra dos sigilos de Vaccari, ajudando a compor a magra maioria de 12 votos contra 11. Na Comissão de Orçamento votou a favor da manobra fiscal urdida para livrar Dilma das consequências jurídicas da irresponsabilidade fiscal. Mas a aprovação requeria os votos de 18 deputados. E só foram obtidos 15.
Lúcio realça que a bancada de deputados do PMDB não foi fiel da balança em nenhuma das votações. Na CPI, além do seu voto, só havia o de Sandro Mabel, que se posicionou contra a quebra dos sigilos de Vaccari. Na Comissão de Orçamento, os deputados do PMDB têm cinco votos. Três votaram a favor do projeto do governo. Dois se ausentaram da sessão. Mas ainda que tivessem comparecido seus votos não reverteriam o placar desfavorável ao Planalto.
Quanto ao caso de Vaccari, Lúcio Vieira Lima não tem dúvidas quanto ao acerto do seu voto. “Não participo da CPI para defender o PT. Além disse, votei a favor também da convocação de Sérgio Machado”, disse, referindo-se ao presidente licenciado da Transpetro, afilhado político de Renan Calheiros.
Em relação ao projeto que desobriga o governo de registrar superávit em suas contas, Lúcio diz que seu voto “sim” é um sacrifício. “Vivo um dos piores momentos de minha vida parlamentar. Ter que votar contra o cumprimento da Lei de Responsabilidade me deixa transtornado. Mas o crime já foi feito. E a nossa bancada deliberou que votaria a favor.”
“O que houve na Câmara nesta semana não foi nenhuma vitória da oposição”, analisa Lúcio. “Desorganizado, o governo derrotou a si mesmo. O PT tem que parar de culpar o PMDB pelos seus erros. Insisto: nós somos vistos como parceiros só na hora da limpeza.”
Para reforçar o seu ponto de vista, o vice-líder do PMDB citou a reunião que Dilma Rousseff realizou na Granja do Torto. “O encontro foi para discutir a política econômica e analiar as alternativas para o Ministério da Fazenda. A presidenta chamou o Lula, o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) e o presidente do PT, Rui Falcão. Não ocorreu a ela chamar o Michel Temer, que além de presidente do PMDB é vice-presidente da República.”
Lúcio arrematou: “O PMDB não é chamado para discutir a política econômica e não participa da gestão desse setor. Para isso, o partido não é governo. No entanto, na hora que estoura a meta do superávit, o PMDB vira governo e é convidado a laçar deputados para votar a favor. Esse filme a gente já viu no primeiro mandato. O Temer tinha dito que mudaria, que o PMDB seria valorizado no segundo mandato. É um engodo.”
O sentimento manifestado por Lúcio Vieira Lima contamina praticamente toda a bancada do PMDB na Câmara. O deputado apenas falou em voz alta o que seus colegas preferem, por enquanto, sussurrar.
UOL > Blog do Josias
Deve-se a acidez de Lúcio às insinuações feitas por operadores políticos do Planalto segundo as quais o PMDB teria tramado a favor das duas derrotas que o bloco governista sofreu no Congresso ao longo da semana. Numa, os partidos de oposição aprovaram um lote de requerimentos na CPI mista da Petrobras. Entre eles o que prevê a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do tesoureiro Vaccari.
Noutra, o bloco que dá suporte congressual a Dilma não conseguiu aprovar na Comissão de Orçamento a proposta que autoriza o governo a descumprir sua própria meta de economia de gastos, autorizando-o a fechar a contabilidade de 2014 inclusive com as contas no vermelho.
Membro dos dois colegiados, Lúcio aplicou um voto no cravo e outro na ferradura. Na CPI, votou a favor da quebra dos sigilos de Vaccari, ajudando a compor a magra maioria de 12 votos contra 11. Na Comissão de Orçamento votou a favor da manobra fiscal urdida para livrar Dilma das consequências jurídicas da irresponsabilidade fiscal. Mas a aprovação requeria os votos de 18 deputados. E só foram obtidos 15.
Lúcio realça que a bancada de deputados do PMDB não foi fiel da balança em nenhuma das votações. Na CPI, além do seu voto, só havia o de Sandro Mabel, que se posicionou contra a quebra dos sigilos de Vaccari. Na Comissão de Orçamento, os deputados do PMDB têm cinco votos. Três votaram a favor do projeto do governo. Dois se ausentaram da sessão. Mas ainda que tivessem comparecido seus votos não reverteriam o placar desfavorável ao Planalto.
Quanto ao caso de Vaccari, Lúcio Vieira Lima não tem dúvidas quanto ao acerto do seu voto. “Não participo da CPI para defender o PT. Além disse, votei a favor também da convocação de Sérgio Machado”, disse, referindo-se ao presidente licenciado da Transpetro, afilhado político de Renan Calheiros.
Em relação ao projeto que desobriga o governo de registrar superávit em suas contas, Lúcio diz que seu voto “sim” é um sacrifício. “Vivo um dos piores momentos de minha vida parlamentar. Ter que votar contra o cumprimento da Lei de Responsabilidade me deixa transtornado. Mas o crime já foi feito. E a nossa bancada deliberou que votaria a favor.”
“O que houve na Câmara nesta semana não foi nenhuma vitória da oposição”, analisa Lúcio. “Desorganizado, o governo derrotou a si mesmo. O PT tem que parar de culpar o PMDB pelos seus erros. Insisto: nós somos vistos como parceiros só na hora da limpeza.”
Para reforçar o seu ponto de vista, o vice-líder do PMDB citou a reunião que Dilma Rousseff realizou na Granja do Torto. “O encontro foi para discutir a política econômica e analiar as alternativas para o Ministério da Fazenda. A presidenta chamou o Lula, o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) e o presidente do PT, Rui Falcão. Não ocorreu a ela chamar o Michel Temer, que além de presidente do PMDB é vice-presidente da República.”
Lúcio arrematou: “O PMDB não é chamado para discutir a política econômica e não participa da gestão desse setor. Para isso, o partido não é governo. No entanto, na hora que estoura a meta do superávit, o PMDB vira governo e é convidado a laçar deputados para votar a favor. Esse filme a gente já viu no primeiro mandato. O Temer tinha dito que mudaria, que o PMDB seria valorizado no segundo mandato. É um engodo.”
O sentimento manifestado por Lúcio Vieira Lima contamina praticamente toda a bancada do PMDB na Câmara. O deputado apenas falou em voz alta o que seus colegas preferem, por enquanto, sussurrar.
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