A dificuldade das empresas de construção civil em explicar pagamentos no
valor total de R$ 53 milhões para as empresas do doleiro Alberto
Youssef é um dos principais motivos que levaram o juiz federal Sérgio
Moro a decretar e, em alguns casos, estender as prisões dos executivos
de empreiteiras na Operação Lava Jato.
"Foi concedido, por este Juízo, mediante intimação, às empreiteiras a
oportunidade de esclarecer os fatos, justificar a licitude das
transações e apresentar a documentação pertinente. Os resultados foram
até o momento desalentadores", afirmou o juiz.
Um total de 17 relatórios da Polícia Federal, com cerca de 200 páginas, constitui o cerne dos indícios documentais colhidos desde o ano passado contra os empreiteiros.
São notas fiscais, recibos e comprovantes de depósitos apreendidos nas empresas de Youssef ou obtidos por meio de quebra de sigilo bancário.
Os relatórios da PF, concluídos no final de outubro, detalham como e quando cada empreiteira fez os depósitos nas contas de Youssef.
O doleiro disse em seus depoimentos que esse dinheiro, depois que entrava no caixa de suas empresas, era redistribuído a agentes públicos.
Pelo menos dois dos executivos presos, Sérgio Cunha Mendes, vice-presidente da construtora Mendes Júnior, e Erton Medeiros, diretor da Galvão Engenharia, confirmaram à PF que pagaram propina a Youssef.
Mendes argumentou que os depósitos foram feitos sob pressão, pois Youssef falava do risco de a empresa perder contratos na Petrobras.
NOTAS GENÉRICAS
Nas notas fiscais expedidas por Youssef, as justificativas para os pagamentos são variadas e genéricas. Os serviços são descritos, por exemplo, como "consultoria para implantação de software" ou "assessoria ou consultoria de qualquer natureza".
O juiz determinou, entre março e novembro, que as empreiteiras explicassem cada um dos pagamentos às empresas de Youssef.
No caso da Mendes Júnior, a PF havia apreendido notas fiscais que indicavam um total de R$ 8 milhões para empresas de Youssef.
Para o juiz Sérgio Moro, os contratos e as notas fiscais apresentados tinham suspeita de terem sido produzidos fraudulentamente.
Já a Galvão Engenharia, intimada duas vezes pelo juiz, não havia se manifestado sobre os pagamentos até o dia em que Moro decidiu emitir os mandados de prisão, no último dia 10 de novembro.
A Camargo Corrêa, segundo a PF, foi a que mais fez depósitos e recebeu notas fiscais de Youssef, num total de R$ 29,2 milhões.
COMISSÕES
Diferentemente da maioria dos outros casos, antes de chegar ao caixa das empresas do doleiro, o dinheiro passou por outras duas firmas, a Sanko Sider e a Sanko Serviços, segundo a PF.
O sócio-gerente das duas firmas, Márcio Bonilho, admitiu, durante interrogatório, que os serviços para as empresas de Youssef inexistiam. Segundo ele, "os contratos e notas fiscais foram produzidos fraudulentamente para justificar pagamento de comissões a Youssef".
O juiz observou que as duas empresas Sanko receberam R$ 113 milhões da Camargo (2009-2013) e repassaram R$ 29,2 milhões para Youssef.
O alto valor do repasse ao doleiro, na interpretação do juiz, "afasta a possibilidade de que se tratem de meras comissões sobre as vendas".
OUTRO LADO
A Camargo Corrêa nega irregularidades e diz que serviços foram prestados pelas empresas Sanko.
Entre 2005 e 2014, a Camargo, diretamente ou por meio de consórcios, manteve um total de R$ 6 bilhões em negócios com a Petrobras.
Já na UTC Engenharia não foram encontrados depósitos diretos para as empresas de Youssef. A companhia tornou-se sócia do doleiro num empreendimento na Bahia, no valor de R$ 5,3 milhões.
Além disso, recorreu a Youssef para negociar o pagamento de um precatório emitido pelo Estado do Maranhão.
Entre 2004 e 2014, diretamente ou por meio de consórcio, fechou R$ 14 bilhões em contratos com a Petrobras.
Em depoimento à Polícia Federal, o empresário Ricardo Ribeiro Pessoa, dono da UTC, defendeu a legalidade dos negócios e disse que emprestou entre R$ 900 mil e R$ 1 milhão para Youssef.
A Lava Jato apura um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado ao menos R$ 10 bilhões.
Um total de 17 relatórios da Polícia Federal, com cerca de 200 páginas, constitui o cerne dos indícios documentais colhidos desde o ano passado contra os empreiteiros.
Geraldo Magela - 18.out.2005/Agência Senado | ||
O doleiro Alberto Youssef, durante depoimento na CPI dos Correios |
São notas fiscais, recibos e comprovantes de depósitos apreendidos nas empresas de Youssef ou obtidos por meio de quebra de sigilo bancário.
Os relatórios da PF, concluídos no final de outubro, detalham como e quando cada empreiteira fez os depósitos nas contas de Youssef.
O doleiro disse em seus depoimentos que esse dinheiro, depois que entrava no caixa de suas empresas, era redistribuído a agentes públicos.
Pelo menos dois dos executivos presos, Sérgio Cunha Mendes, vice-presidente da construtora Mendes Júnior, e Erton Medeiros, diretor da Galvão Engenharia, confirmaram à PF que pagaram propina a Youssef.
Mendes argumentou que os depósitos foram feitos sob pressão, pois Youssef falava do risco de a empresa perder contratos na Petrobras.
NOTAS GENÉRICAS
Nas notas fiscais expedidas por Youssef, as justificativas para os pagamentos são variadas e genéricas. Os serviços são descritos, por exemplo, como "consultoria para implantação de software" ou "assessoria ou consultoria de qualquer natureza".
O juiz determinou, entre março e novembro, que as empreiteiras explicassem cada um dos pagamentos às empresas de Youssef.
No caso da Mendes Júnior, a PF havia apreendido notas fiscais que indicavam um total de R$ 8 milhões para empresas de Youssef.
Para o juiz Sérgio Moro, os contratos e as notas fiscais apresentados tinham suspeita de terem sido produzidos fraudulentamente.
Já a Galvão Engenharia, intimada duas vezes pelo juiz, não havia se manifestado sobre os pagamentos até o dia em que Moro decidiu emitir os mandados de prisão, no último dia 10 de novembro.
A Camargo Corrêa, segundo a PF, foi a que mais fez depósitos e recebeu notas fiscais de Youssef, num total de R$ 29,2 milhões.
COMISSÕES
Diferentemente da maioria dos outros casos, antes de chegar ao caixa das empresas do doleiro, o dinheiro passou por outras duas firmas, a Sanko Sider e a Sanko Serviços, segundo a PF.
O sócio-gerente das duas firmas, Márcio Bonilho, admitiu, durante interrogatório, que os serviços para as empresas de Youssef inexistiam. Segundo ele, "os contratos e notas fiscais foram produzidos fraudulentamente para justificar pagamento de comissões a Youssef".
O juiz observou que as duas empresas Sanko receberam R$ 113 milhões da Camargo (2009-2013) e repassaram R$ 29,2 milhões para Youssef.
O alto valor do repasse ao doleiro, na interpretação do juiz, "afasta a possibilidade de que se tratem de meras comissões sobre as vendas".
OUTRO LADO
A Camargo Corrêa nega irregularidades e diz que serviços foram prestados pelas empresas Sanko.
Entre 2005 e 2014, a Camargo, diretamente ou por meio de consórcios, manteve um total de R$ 6 bilhões em negócios com a Petrobras.
Já na UTC Engenharia não foram encontrados depósitos diretos para as empresas de Youssef. A companhia tornou-se sócia do doleiro num empreendimento na Bahia, no valor de R$ 5,3 milhões.
Além disso, recorreu a Youssef para negociar o pagamento de um precatório emitido pelo Estado do Maranhão.
Entre 2004 e 2014, diretamente ou por meio de consórcio, fechou R$ 14 bilhões em contratos com a Petrobras.
Em depoimento à Polícia Federal, o empresário Ricardo Ribeiro Pessoa, dono da UTC, defendeu a legalidade dos negócios e disse que emprestou entre R$ 900 mil e R$ 1 milhão para Youssef.
A Lava Jato apura um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado ao menos R$ 10 bilhões.
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