quarta-feira, 19 de novembro de 2014

TCU: Petrobras contratou até 70% das compras sem licitação entre 2011 e 2014

O secretário de Fiscalização de Obras para a Área de Energia do TCU (Tribunal de Contas da União), Rafael Jardim Cavalcante, afirmou nesta quarta-feira (19) que de 60% a 70% dos bens adquiridos da Petrobras foram contratados sem licitação nos últimos quatro anos.

Essas compras somam cerca de R$ 60 bilhões e R$ 70 bilhões, de acordo com o órgão.
Cavalcante afirmou, no entanto, que os dados da auditoria são preliminares e os números precisam ser confirmados. Ele participou de uma audiência pública na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras destinada a debater o regime de contratação de fornecedores da estatal.

As suspeitas de que há contratos superfaturados na petroleira aumentaram após o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa afirmar, em delação premiada, que empreiteiras pagavam propina para fechar obras e serviços com a empresa.

Investigações da operação Lava Jato da Polícia Federal apontam para suspeitas de formação de cartel e financiamento de partidos políticos com o dinheiro desviado pelo esquema chefiado pelo doleiro Alberto Youssef.  

Na última sexta-feira (14), a PF deflagrou a sétima fase da operação e prendeu o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e executivos das principais empresas do país.
"A Petrobras talvez tenha contratado entre R$60 bilhões e R$70 bilhões. Levantamentos preliminares, e aqui eu peço a paciência e compreensão de Vossas Excelências sobre a higidez desse número, apontam que  60%, mais de 70% dessas contratações de bens são feitas sem licitação. E aí, para avaliar antes do certo e errado, qual é o risco, em termos de boa governança corporativa, dessa prática e dessa previsão legal?", declarou o secretário do TCU.
Cavalcante afirmou também em casos de contratos com licitação órgãos de fiscalização e controle como o TCU e a CGU (Controladoria-Geral da União) só tem acesso aos termos dos contratos após a concorrência já aprovada.

O secretário do TCU fez críticas ao decreto 2.745/98, que regulamenta o regime diferenciado simplificado de contratações da Petrobras.

O procurador regional da República do Ministério Público Federal, Marcelo Antônio Moscogliato, destacou a importância da existência do processo licitatório nas contratações da Petrobras.

"Por que licitar? Para administração pública possa economizar recursos públicos escassos a toda a sociedade e para incentivar a concorrência e a meritocracia. É dinheiro público que tem que dar resultado", afirmou o procurador.

Daniel Matos Caldeira, chefe de Divisão da Coordenação-Geral de Auditorias das Áreas de Minas e Energia da CGU (Controladoria Geral da União), defendeu que sejam excluídos do cadastro de fornecedores empresas que são consideradas que tiveram contratos cancelados por irregularidades. Ele contou que a CGU identificou casos em que uma que teve um contrato rescindido com  a Petrobras e depois conseguiu realizou outro de valor maior, pois não houve sanção. "A transparência é o maior antídoto contra a corrupção", disse.

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Saiba quem são os citados na Operação Lava Jato

PAULO ROBERTO COSTA, O DELATOR - Investigado pela Operação Lava Jato da Polícia Federal, que apura esquema bilionário de lavagem de dinheiro, Paulo Roberto Costa é ex-diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras, cargo que ocupou entre 2004 e 2012. Foi preso em março deste ano por tentar ocultar provas que o incriminavam. Solto em maio, foi preso novamente em junho, e fez acordo de delação premiada com a PF em agosto, o que possibilitaria uma redução de sua pena em caso de condenação. Em depoimentos gravados feitos à polícia, ele cita, segundo a revista "Veja", ao menos 25 deputados federias, 6 senadores, 3 governadores, um ministro de Estado e pelo menos três partidos políticos (PT, PMDB e PP), que teriam recebido propina de 3% do valor dos contratos da estatal Leia mais Renato Costa/Frame/Folhapres
 

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