O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou jornalistas "falarem com a Polícia Federal" ao ser questionado sobre a Operação Lava Jato, que investiga esquema de lavagem e desvio de dinheiro envolvendo Petrobras, empreiteiras e políticos.
"[Tem de] Falar com a Polícia Federal", disse na manhã desta
quinta-feira (20) quando saía de um evento realizado pela hidrelétrica
Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu (PR). Ele não deu entrevistas.
Após o encontro, Lula disse que não sabia se cancelaria a viagem ao
Uruguai, já que ele pode retornar a São Paulo e participar do velório do
ex-ministro da Justiça Marcio Thomaz Bastos, que morreu nesta manhã.
Emocionado, Lula pediu no evento um minuto de silêncio "pelo nosso querido companheiro" e ex-ministro de seu governo.
Depois de comentar sobre os benefícios do "Cultivando Água Boa",
programa de sustentabilidade desenvolvido por Itaipu, Lula aproveitou
para alfinetar a mídia.
"Queria que a minha querida imprensa que me parece que tem uma
predileção por anunciar desgraças ouvisse o depoimento das pessoas que
participam do programa Cultivando Água Boa que eu ouvi hoje de manhã",
disse o petista. "Hoje, a gente toma café, almoça e janta com desgraça."
O ex-presidente saiu em defesa de sua afilhada, a presidente Dilma
Rousseff, ao afirmar que ela tem recebido muitos ataques. "O ódio
[demonstrado contra a petista] é exatamente porque a filha de um pequeno
agricultor tá virando doutora neste país", disse. "Parece que as
eleições ainda não acabaram".
Lula disse estar seguro de que os que falam mal de Dilma "terão surpresa
com o segundo mandato" e que "eles" precisam "aprender a respeitar a
democracia". "Tenho certeza que ela vai dar um show", afirmou no
discurso.
LAVA JATO
A Operação Lava Jato, desencadeada em março deste ano e que já se
estendeu por sete fases, apura um grande esquema de lavagem de dinheiro e
desvio de recursos com envolvimento da Petrobras, de políticos e das
maiores empreiteiras do país.
A estimativa inicial da operação indica que o esquema pode ter movimentado cifras que chegam a R$ 10 bilhões.
Duas das primeiras prisões em março foram a do doleiro Alberto Youssef e
a do ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Em depoimento, após assinar um acordo de delação premiada, Costa afirmou
que havia um esquema de pagamento de propina em obras da Petrobras. O
dinheiro desviado abastecia o caixa de partidos como o PMDB, PP e o PT.
Youssef é apontado nas investigações como o doleiro suspeito de comandar
o esquema. Costa passou a ser investigado depois de ganhar, em março do
ano passado, um carro de luxo de Youssef.
Em 14 de novembro, a PF deflagrou nova fase da operação, com 27 mandados
de prisão, e que desta vez atingia dez grandes empreiteiras, entre elas
a Camargo Corrêa, Odebrechet e a OAS.
Mais de 20 executivos dessas empresas e o ex-diretor da Petrobras Renato
Duque foram presos. As empresas envolvidas no suposto esquema mantêm
contratos de R$ 59 bilhões com a Petrobras.
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POLÍTICA E ECONOMIA