A partir de linha subsidiada pelo BNDES, Banco do Brasil teria concedido crédito a juros mais baixos e contrariado regras internas
BRASÍLIA - A denúncia de um empréstimo feito pelo Banco do Brasil à
empresa da socialite Val Marchiori, publicada no jornal Folha de S.
Paulo, deu munição para a oposição aumentar o tom das críticas de
aparelhamento dos bancos públicos na reta final da campanha eleitoral. A
cinco dias da votação, o possível favorecimento à empresária – que
ficou conhecida após participar do programa Mulheres Ricas, da TV
Bandeirantes – foi recebido nos bastidores do governo como mais uma ação
na guerrilha eleitoral.
No Congresso, o PPS pedirá explicações ao Ministério da Fazenda. Quer
que o ministro determine que o BB cancele o empréstimo à “socialite
amiga do PT”. De acordo com reportagem, o banco emprestou R$ 2,7 milhões
para Marchiori a partir de uma linha subsidiada pelo BNDES, o que
contrariaria normas internas dos dois bancos, já que empresária teria
crédito restrito por não apresentar capacidade financeira, além de não
ter pago empréstimo anterior ao BB, ainda segundo a reportagem.
Em nota, Rubens Bueno, líder do PPS, atacou as dificuldades que
empresas pequenas têm para conseguir empréstimos, enquanto "o dinheiro
público (do BNDES) é usado para financiamentos customizados". A
reportagem diz que Val Marchiori, que conseguiu crédito a juros de 4% ao
ano, com prazo de cinco anos para quitar, é amiga do presidente do BB,
Aldemir Bendine.
"A população brasileira deveria ir para a porta de todas as agências
do banco para exigir empréstimos na mesma condição. Duvido que o banco
libere", criticou Bueno, que também pediu punições ao que considera
"escândalo deste governo do PT", e devolução dos recursos emprestados.
De acordo com o jornal, Marchiori tomou o crédito pela Torke
Empreendimentos ao apresentar a pensão alimentícia de seus dois filhos
menores de idade para comprar receita.
O Banco do Brasil divulgou uma nota à imprensa para negar
irregularidades. Segundo a assessoria da instituição financeira, não
houve qualquer "drible" ou violação de normas para concessão de crédito.
No texto, o BB explica que tem poderes para mudar procedimentos para
atender seus clientes.
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“A 'customização' é procedimento comum em inúmeras operações, e seus
critérios são previstos nas normas internas”, diz a nota da instituição.
O
Banco do Brasil esclareceu que a pendência financeira à qual se refere a
reportagem da Folha de S. Paulo é de apenas R$ 963,90 e não está em
nome da empresária, mas de empresa da qual ela era sócia-dirigente em
2008.Segundo o banco, é a fatura de um cartão de crédito empresarial
utilizado normalmente por outro executivo da empresa.
Argumentou ainda que a empresa de Val Malchiori tem registro para
locação e leasing operacional de caminhões e que por isso, poderia
alugar os equipamentos comprados com dinheiro subsidiado à empresa do
irmão. E que os equipamentos funcionavam como garantia do empréstimo e a
dívida tem sido paga em dia.
Para rebater a denúncia de favorecimento, o banco afirmou que a
análise do empréstimo foi dada por três comitês, que envolveram no
mínimo 17 técnicos de carreira, antes do aval do BNDES.
“O Banco do Brasil lamenta que a reportagem tenha lançado mão da
quebra de sigilo comercial, e reafirma seu total compromisso com as boas
práticas da governança corporativa, com as normas de concessão
responsável de empréstimos e com os direitos dos tomadores”, diz a nota à
imprensa.
PPS QUER ANULAÇÃO DO EMPRÉSTIMO
O PPS apresentou nesta terça-feira requerimento na Câmara dos
Deputados para que a Fazenda determine que o Banco do Brasil cancele o
empréstimo.
Em nota, Rubens Bueno, líder do PPS, atacou as dificuldades que
empresas pequenas têm para conseguir empréstimos, enquanto "o dinheiro
público (do BNDES) é usado para financiamentos customizados".
"A população brasileira deveria ir para a porta de todas as agências
do banco para exigir empréstimos na mesma condição. Duvido que o banco
libere", criticou Bueno, que também pediu punições ao que considera
"escândalo deste governo do PT", e devolução dos R$ 2,7 milhões
emprestados.
O requerimento diz que quer “evitar que esta linha de crédito subsidiada com dinheiro público seja usada de forma equivocada”.
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