29/10/2014 02h00
Para onde quer que se olhe fica claro que o desempenho econômico do Brasil nos últimos quatro anos tem piorado consistentemente, deterioração que dá sinais de ter se agravado a partir do ano passado.
O crescimento médio do país de 2011 a 2014, por exemplo, deve ficar ao redor de 1,6% ao ano, mas cadente, reduzido para quase zero neste ano. Já a inflação média superará 6%, acelerando para 6,5% em 2014, o pior resultado desde 2011.
O deficit externo provavelmente atingirá o equivalente a 3,0% do PIB no período, e também crescente, devendo chegar a 3,7% do PIB no final deste ano.
A dívida bruta do governo, que havia sido reduzida para pouco mais de 50% do PIB em 2010, já se encontra em 60% do PIB, refletindo o descaso com as contas públicas. O superavit primário (livre da contabilidade criativa), que ficara em 2% do PIB entre 2007 e 2010, caiu para menos 1% do PIB ao longo deste mandato presidencial e deve registrar em 2014 o primeiro resultado negativo desde 1997.
Por fim, mesmo quando se trata do emprego, cantado em prosa e verso como o grande mérito do atual governo, a degradação é visível: a criação de vagas formais na economia caiu de 130 mil/mês no mandato anterior para 86 mil/mês no atual.
Da mesma forma, a Pesquisa Mensal do Emprego, que captura também o emprego informal, aponta crescimento médio da ocupação de 0,8% ao ano entre dezembro de 2010 e setembro de 2014 (e ao redor de zero este ano) ante mais de 2,5% ao ano nos quatro anos anteriores.
Fica desses números a imagem de quatro anos tristes, culminando com um desempenho lamentável em 2014. Ainda assim não há a menor indicação de que o governo pretenda alterar os rumos da política econômica. Pelo contrário, a mensagem é que esta sempre esteve certa; se alguém errou, foi a realidade.
Por mais que a anunciada demissão do atual ministro da Fazenda (contra minha vontade, quero deixar claro) possa criar esperanças de uma gestão mais racional da economia, a verdade é que sinaliza muito pouco no sentido de correção de rota.
Mesmo que seja trocado por alguém com mais compostura, o ministro da Fazenda foi pouco menos que a rainha da Inglaterra; nunca houve (nem deve haver) dúvida de que o comando da política econômica se encontra nas mãos da presidente, cujo apreço pela centralização de decisões só é superado por seus persistentes atentados ao vernáculo.
Não chega a ser surpreendente, portanto, que o secretário-executivo do Ministério da Fazenda já tenha acenado com mais um pacote de estímulo à indústria, afirmando ser possível "esperar por uma economia cada dia melhor".
Na mesma toada, a presidente fala em "ajustes pontuais", como se o problema fosse localizado e pudesse ser resolvido por mais uma rodada de microgerenciamento.
O que se espera, pois, é "mais do mesmo" na forma de tratar a economia. Do lado macro, o mesmo descaso com as contas públicas e a inflação. Mais importante, na perspectiva microeconômica, antecipa-se a persistência de um processo de intervenção governamental sem paralelos desde o governo Geisel.
À luz disso, a promessa de uma "economia cada dia melhor" soa improvável. Pelo contrário, se fizermos as mesmas coisas que fizemos nos últimos quatro anos, há escassas razões para imaginar que o desempenho econômico possa ser muito distinto do observado nesse período.
É atribuída a Einstein a definição de insanidade como fazer as coisas do mesmo modo e esperar que os resultados sejam diferentes. Há sérias dúvidas sobre a autoria da frase, mas não tanto no que tange à sua aplicação para as perspectivas da economia brasileira.
Sem uma mudança de rumos que contemple por um lado a recuperação da estabilidade macroeconômica e, por outro, a busca obsessiva pela produtividade, estaremos condenados à repetição da mediocridade que
caracterizou este mandato presidencial e mais uma vez a realidade levará a culpa.
Para onde quer que se olhe fica claro que o desempenho econômico do Brasil nos últimos quatro anos tem piorado consistentemente, deterioração que dá sinais de ter se agravado a partir do ano passado.
O crescimento médio do país de 2011 a 2014, por exemplo, deve ficar ao redor de 1,6% ao ano, mas cadente, reduzido para quase zero neste ano. Já a inflação média superará 6%, acelerando para 6,5% em 2014, o pior resultado desde 2011.
O deficit externo provavelmente atingirá o equivalente a 3,0% do PIB no período, e também crescente, devendo chegar a 3,7% do PIB no final deste ano.
A dívida bruta do governo, que havia sido reduzida para pouco mais de 50% do PIB em 2010, já se encontra em 60% do PIB, refletindo o descaso com as contas públicas. O superavit primário (livre da contabilidade criativa), que ficara em 2% do PIB entre 2007 e 2010, caiu para menos 1% do PIB ao longo deste mandato presidencial e deve registrar em 2014 o primeiro resultado negativo desde 1997.
Por fim, mesmo quando se trata do emprego, cantado em prosa e verso como o grande mérito do atual governo, a degradação é visível: a criação de vagas formais na economia caiu de 130 mil/mês no mandato anterior para 86 mil/mês no atual.
Da mesma forma, a Pesquisa Mensal do Emprego, que captura também o emprego informal, aponta crescimento médio da ocupação de 0,8% ao ano entre dezembro de 2010 e setembro de 2014 (e ao redor de zero este ano) ante mais de 2,5% ao ano nos quatro anos anteriores.
Fica desses números a imagem de quatro anos tristes, culminando com um desempenho lamentável em 2014. Ainda assim não há a menor indicação de que o governo pretenda alterar os rumos da política econômica. Pelo contrário, a mensagem é que esta sempre esteve certa; se alguém errou, foi a realidade.
Por mais que a anunciada demissão do atual ministro da Fazenda (contra minha vontade, quero deixar claro) possa criar esperanças de uma gestão mais racional da economia, a verdade é que sinaliza muito pouco no sentido de correção de rota.
Mesmo que seja trocado por alguém com mais compostura, o ministro da Fazenda foi pouco menos que a rainha da Inglaterra; nunca houve (nem deve haver) dúvida de que o comando da política econômica se encontra nas mãos da presidente, cujo apreço pela centralização de decisões só é superado por seus persistentes atentados ao vernáculo.
Não chega a ser surpreendente, portanto, que o secretário-executivo do Ministério da Fazenda já tenha acenado com mais um pacote de estímulo à indústria, afirmando ser possível "esperar por uma economia cada dia melhor".
Na mesma toada, a presidente fala em "ajustes pontuais", como se o problema fosse localizado e pudesse ser resolvido por mais uma rodada de microgerenciamento.
O que se espera, pois, é "mais do mesmo" na forma de tratar a economia. Do lado macro, o mesmo descaso com as contas públicas e a inflação. Mais importante, na perspectiva microeconômica, antecipa-se a persistência de um processo de intervenção governamental sem paralelos desde o governo Geisel.
À luz disso, a promessa de uma "economia cada dia melhor" soa improvável. Pelo contrário, se fizermos as mesmas coisas que fizemos nos últimos quatro anos, há escassas razões para imaginar que o desempenho econômico possa ser muito distinto do observado nesse período.
É atribuída a Einstein a definição de insanidade como fazer as coisas do mesmo modo e esperar que os resultados sejam diferentes. Há sérias dúvidas sobre a autoria da frase, mas não tanto no que tange à sua aplicação para as perspectivas da economia brasileira.
Sem uma mudança de rumos que contemple por um lado a recuperação da estabilidade macroeconômica e, por outro, a busca obsessiva pela produtividade, estaremos condenados à repetição da mediocridade que
caracterizou este mandato presidencial e mais uma vez a realidade levará a culpa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
POLÍTICA E ECONOMIA