Dilma
Rousseff atravessa a campanha eleitoral sem dizer o que fará para
recolocar a economia nos trilhos. Ela nem sequer admite o
descarrilamento. Os operadores do mercado fazem cara de interrogação. A
Bolsa de Valores cai na proporção direta da subida da candidata do PT
nas pesquisas. Dilma dá de ombros. O esconde-esconde pode ser péssimo
para os negócios. Mas o Datafolha informa que é ótimo para a reeleição.
No
último debate, Aécio Neves evocou uma notícia que lera no jornal sobre o
renascimento do hábito de estocar alimentos. O medo da inflação está de
volta, ele disse. E o Datafolha: há seis meses, 64% dos eleitores
achavam que a carestia ia aumentar. Hoje, apenas 31% do eleitorado acha a
mesma coisa.
O otimismo não encontra amparo nos fatos. Em
setembro, puxada pela alta dos alimentos, a inflação bateu em 6,75%,
acima da margem de tolerância do governo, que é de 6,5%. Mas metade do
eleitorado enxerga em Dilma a solução, não o problema.
Aécio
dispõe de um porta-voz econômico. Armínio Fraga já foi inclusive nomeado
ministro da Fazenda de um hipotético governo tucano. Dilma desnomeou
Guido Mantega, que trabalha na Esplanada em regime de aviso prévio. Ela
dispensa porta-vozes econômicos. Em matéria de economia, prefere o
silêncio. Não tem muito a dizer. Apenas repete o seu mantra: vivemos em
situação de pleno emprego!
Aécio diz que restabelecerá o tripé
instituído sob FHC: metas para a inflação, taxa de câmbio flutuante e
superávit nas contas públicas. Dilma mandou o tripé para o beleléu faz
três anos. Como dizia o finado Eduardo Campos, madame entregará um
Brasil pior do que o país que recebeu de Lula. Mas ela se compara a FHC,
não ao antecessor.
A quatro dias da eleição, o mutismo econômico
de Dilma produziu uma esfinge. Devora-me ou te decifro, diz ela aos
céticos do mercado, que se dividiram. Metade está nervosa porque Dilma
diz que a economia vai bem mas sabe que ela está mentindo e prepara
ajustes para o caso de ser reeleita. A outra metade está nervosa porque
Dilma diz que a economia vai bem e sabe que ela acredita mesmo nisso e
não preparou nenhum ajuste.
Antes de obter a vantagem numérica
sobre Aécio —52% a 48%, segundo a reiteração do placar no novo
Datafolha—, Dilma também estava nervosa. Não sabia se dizia que faria
ajustes que ainda não preparou ou se preparava os ajustes e não dizia.
Ou vice-versa.
UOL
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POLÍTICA E ECONOMIA