Um dia depois da derrota de Aécio Neves na disputa
presidencial, o candidato a vice da chapa tucana, Aloysio Nunes
Ferreira, disse nesta segunda-feira, 27, que a presidente Dilma Rousseff
"não tem direito à lua de mel" e prometeu fazer oposição "firme" e "sem
transigência". Aloysio e Aécio são senadores eleitos em 2010 - o
primeiro, por São Paulo, e o segundo por Minas - e retornam às
atividades parlamentares após o fim das eleições.
"Não tem
por que diminuir a intensidade da oposição. Ela (Dilma) não tem direito
à lua de mel que todo governante recém-eleito tem quando tem novo
mandato", afirmou Aloysio ao jornal O Estado de S. Paulo. "Nós vamos
trabalhar para cobrar aquilo que ela prometeu (na campanha), para
revelar aquilo que ela escondeu. Ela não terá trégua da nossa parte."
Para Aloysio, o PSDB deixou as eleições deste ano "com um mandato": o de
endurecer a oposição.
Com a derrota de Aécio, o PSDB está
focado a partir de agora em manter o tom duro de oposição a Dilma usado
ao longo da campanha eleitoral. O partido tem como objetivo levar ao
Congresso um discurso afinado com o adotado pelo partido principalmente
em São Paulo, onde capitalizou praticamente sozinho o sentimento
antipetista dos eleitores.
Além de Aécio e Aloysio, o PSDB
contará com outros nomes combativos da sigla para defender essa nova
postura, como José Serra (SP), Alvaro Dias (PR) e Tasso Jereissati (CE).
Em 2015, a bancada do PSDB no Senado será menor: a legenda conta hoje
com 12 parlamentares e terá 10 a partir do ano que vem.
Na
Câmara dos Deputados, onde o PSDB aumentou sua bancada - saltou de 44
para 57 parlamentares -, o partido já se articula para fortalecer a
oposição. Hoje, representantes de partidos do bloco oposicionista se
reunirão na casa do deputado Mendonça Filho (DEM-PE) para começar a
alinhar discursos e traçar estratégias.
"Nós não vamos
afrouxar as nossas convicções. Quem ganha governa. Quem perde
fiscaliza", disse o deputado reeleito Duarte Nogueira (PSDB-SP), que
participará do encontro em Brasília. "Nossa oposição vai ser muito
intensa e durante todo o mandato (de Dilma). Vamos cobrá-la dos
compromissos assumidos."
Diálogo
Alguns
parlamentares são céticos sobre a disposição de Dilma em dialogar com a
bancada oposicionista no segundo mandato. O deputado Marcus Pestana,
presidente do PSDB em Minas, disse que a presidente "não tem vocação
para o diálogo" e é dona de uma "índole autoritária".
"Em
momento algum a presidente propôs um diálogo com a oposição. Ela não
teve a humildade de mencionar nada em relação aos 48 milhões de
eleitores que a rejeitaram e o que fez foi um discurso em que reafirma a
continuidade", afirmou o deputado mineiro.
"E não acho
que depois de certa idade as pessoas mudem. Não creio nessa conversão
súbita, não creio que mude sua índole autoritária. Nossa oposição não
vai titubear em vocalizar o desejo de metade do Brasil", afirmou.
Para
Duarte Nogueira, conversar com a oposição seria "um bom começo" da
presidente. O tucano sugeriu que Dilma fizesse o mesmo que o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sua gestão, mantendo canais
de diálogo com representantes de fora da base aliada.
"Se
ela (Dilma) quiser, para efeito de início de diálogo, pode sentar para
conversar com a gente para explicarmos as nossas teses, que podem ser
unidas às ideias que ela já tem. Fica aqui minha sugestão", disse. As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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