quarta-feira, 30 de setembro de 2015

O lobista e seu patrão


Executivos da Odebrecht dizem que Graça criticou 'quadrilha' na Petrobras




A ex-presidente da Petrobras Graça Foster fez críticas internas a uma "quadrilha" existente na estatal e afirmou que os ex-diretores Paulo Roberto Costa e Renato Duque se beneficiaram do esquema, segundo e-mails trocados entre executivos da Odebrecht. 


As afirmações são de Rogério Araújo, um dos dirigentes da empreiteira preso na Operação Lava Jato, que investiga corrupção na Petrobras. Ele escrevia a Marcelo Odebrecht, presidente do grupo e também detido preventivamente. 

As mensagens foram escritas em julho de 2014 –época em que Graça ainda estava à frente da estatal, enquanto Costa, ex-diretor de Abastecimento, estava preso. 

De acordo com o executivo da Odebrecht, uma das testemunhas arroladas por Costa para depor em sua defesa, o funcionário da Petrobras Wilson Guilherme Silva, foi interpelado pela então presidente sobre a audiência. Silva foi gerente da área de Abastecimento. 

Graça teria dito a ele: "Pense bem no antes de ir e se definir em que quadrilha você pertence!". 

Em outra ocasião, a ex-presidente afirmou, ainda segundo o relato do executivo, que não poderia defender o trabalho da diretoria anterior da Petrobras em relação à refinaria porque Costa "se beneficiou" e Duque, ex-diretor de Serviços, levava "dinheiro para partido". 

PREOCUPAÇÃO
 
Marcelo Odebrecht manifestou preocupação com a posição de Graça.
"Ela quer detonar o PR [Paulo Roberto Costa]? Não apenas não ajudar como atacar?", escreveu Odebrecht. "Isto é suicídio, só vai prejudicar governo e empresa." 

Araújo responde dizendo que Graça vinha "detonando" Duque, Nestor Cerveró (ex-diretor Internacional) e José Sérgio Gabrielli (ex-presidente da Petrobras) –os dois últimos, por "comentários ruins" em relação à compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. 

Foster renunciou ao cargo em fevereiro deste ano. 

Em nota, a defesa dos executivos da Odebrecht informou que "lamenta as interpretações distorcidas e descontextualizadas" sobre os e-mails e disse que se manifestará sobre o caso no processo. 

A Folha também entrou em contato com a Petrobras para comentar o episódio, mas ainda não obteve resposta. A reportagem não conseguiu contato com Graça Foster. 

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