Do PT dependente de Lula ao PSDB com "desatualizações acachapantes", a
política brasileira vive uma crise de liderança, segundo o filósofo
Renato Janine Ribeiro (USP). Ele disse torcer pelo fortalecimento de
Marina Silva como forma de melhorar a discussão atual "muito
insuficiente".
"Estamos bastante deficientes em termos de liderança, de futuro", disse
Ribeiro, no último dia do encontro anual da Anpocs (Associação Nacional
de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais) nesta quinta-feira
(30).
"Em 2018, o PT corre o sério risco de reprisar Lula. Sem nada contra o
ex-presidente, mas isso indicaria que 40 anos do partido não terão
gerado um líder", afirmou o filósofo, que, na campanha, declarou apoio à
reeleição de Dilma Rousseff.
"O PSDB não oferece futuro nem entende o que é mulher. O candidato chama
todas as mulheres de levianas", afirmou, ao recordar um debate entre
Aécio Neves e Dilma no segundo turno. "Essas desatualizações são
acachapantes."
Com relação a Marina Silva, o filósofo político criticou a falta de
outras lideranças dentro da Rede e a sua incapacidade para se viabilizar
politicamente após a boa votação em 2010. "Acho uma loucura ninguém
pegar esses 20 milhões de votos, fazer enxerto etc."
Ribeiro, no entanto, afirmou que a ex-ministra do Meio Ambiente é uma
terceira via desejável. "Gostaria até que a Rede se fortalecesse porque,
se Marina tivesse, na campanha, dito o que sustentabilidade quer dizer,
talvez tivesse afugentado os empresários, mas teria colocado uma das
grandes agendas do futuro."
"Temos de ter uma melhora na discussão política. Talvez isso nos livre
dessa situação de um partido que pretende preservar as conquistas
sociais e um partido que pretende voltar à bonança econômica neoliberal.
Isso é muito insuficiente", afirmou.
Apesar de apontar a crise de liderança, Ribeiro fez um balanço positivo
da recente trajetória política brasileira. Repetindo ideias expostas em
artigo recente publicado na Folha,
disse que o país completou, com êxito, o processo de redemocratização,
via PMDB, e o combate à inflação, durante o governo do PSDB.
Com o PT no poder, afirmou o filósofo, o Brasil entrou na sua agenda
mais difícil, a inclusão social. Ao mesmo tempo em que lida com a
terceira agenda, argumentou, os protestos de junho de 2013 jogaram na
quarta pauta democrática, a de melhoria nos serviços públicos.
LEOPOLDINA CORRÊA é jornalista com formação em Mídias Digitais pela UFC >>>> Diploma
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POLÍTICA E ECONOMIA