petrolão
04/03/2016 18h26
A presidente Dilma Rousseff utilizou nesta sexta-feira (4)
pronunciamento público para sair em defesa própria em relação à delação
premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), deixando em segundo
plano a operação da Polícia Federal contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em um discurso de cerca de onze minutos, a presidente dedicou menos de
dois à defesa de seu antecessor no Palácio do Planalto. Ela repetiu
termos de nota divulgada à imprensa uma hora antes e disse estar "inconformada" com a "desnecessária condução coercitiva" do petista para prestar depoimento em São Paulo.
Apesar de dedicar pouco tempo à defesa de Lula, a petista decidiu
fazê-lo publicamente, diferentemente de episódios anteriores. A
estratégia foi tentar reconquistar o apoio da militância petista,
insatisfeita com a condução da política econômica.
"Quero manifestar meu mais absoluto inconformismo com o fato do
ex-presidente, que por várias vezes compareceu de maneira voluntária
para prestar esclarecimentos às autoridades, seja submetido agora a uma
desnecessária coação coercitiva", criticou.
Pedro Ladeira/Folhapress | ||
A presidente Dilma Rousseff durante pronunciamento a jornalistas nesta sexta (4) em Brasília |
Em resposta à delação premiada do senador,
a presidente afirmou que o petista fez as acusações por um desejo
"imoral" e "mesquinho". Para ela, as suspeitas tiveram como único
objetivo atingi-la. Ainda classificou como "lamentável" o vazamento do
conteúdo da delação premiada –segundo ela, ilegal.
"É lamentável que ocorra ilegalmente o vazamento de uma hipotética
delação premiada que teve como objetivo único atingir minha pessoa pelo
desejo imoral e mesquinho de vingança de quem não defendeu quem não
poderia ser defendido pelos atos que praticou", criticou.
A presidente rebateu cada referência feita a ela na delação premiada e,
novamente, não citou as acusações contra o seu antecessor no Palácio do
Planalto também presentes no depoimento.
Ela ressaltou que, em 2014, o procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, arquivou investigação pela compra da refinaria de Pasadena,
lembrando que ele afirmou não ter havido delito por parte do Conselho de
Administração da Petrobras no negócio.
Ela negou também que tenha interferido junto ao Poder Judiciário para
liberar da prisão os empresários Marcelo Odebrecht e Otávio Azevedo,
como acusou o senador petista. Segundo ela, são "subjetivas" e
"insidiosas" as acusações do senador.
"Eu jamais falei com o senador sobre isso. Do ponto de vista
institucional, não teria nenhuma razão de pedir para um senador falar
com o juiz", afirmou.
PROTESTO
No momento em que fazia o discurso, um grupo favorável ao impeachment da
presidente protestava na entrada do Palácio do Planalto. Eles
carregavam pequenos bonecos infláveis do agente da Polícia Federal
Newton Ishii e do "pixuleko", sátira do ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva em trajes de presidiário.
Na frente da sede administrativa, motoristas que passaram no local também promoveram um buzinaço contra a petista.
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POLÍTICA E ECONOMIA