Em depoimento prestado à Justiça Federal na quarta-feira (8), o doleiro
Alberto Youssef afirmou que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras
Paulo Roberto Costa foi empossado no cargo, em 2004, após o então
presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ceder à pressão de "agentes
políticos" ligados ao esquema.
Questionado por seu advogado de defesa se sabia por que um diretor que
antecedeu Paulo Roberto na área de Abastecimento havia sido retirado do
cargo, Youssef disse: "Para que Paulo Roberto Costa assumisse a cadeira
de diretor da Diretoria de Abastecimento esses agentes políticos
trancaram a pauta no Congresso durante 90 dias".
- Leia e ouça trechos do depoimento de Alberto Youssef
- Leia e ouça trechos do depoimento de Paulo Roberto Costa
"Na época o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou louco, teve que
ceder e realmente empossar o Paulo Roberto Costa", completou o doleiro.
Entre março e maio de 2004 a pauta do Congresso ficou trancada por causa
de Medidas Provisórias —que, pela Constituição, têm que ser votadas
após 45 dias de tramitação. Paulo Roberto foi confirmado como diretor de
Abastecimento da Petrobras em 14 de maio daquele ano, no lugar de
Rogério Manso, nome ligado a peemedebistas e tucanos do Rio de Janeiro.
Ainda durante o depoimento, o operador do esquema disse que havia
reuniões entre ele, Paulo Roberto Costa, representantes de empreiteiras e
"agentes políticos" —Youssef não citou nomes. Essas reuniões, segundo
ele, eram registradas em atas.
"Nós participávamos de reuniões, no caso ou em hotéis no Rio ou em
hotéis em São Paulo, ou na própria casa —vamos falar— do agente
político, que primeiramente comandava esse assunto através da área de
Abastecimento", disse.
"Nessas reuniões eram feitas atas de discussão de cada ponto que estava sendo discutido ali naquele dia."
Os assuntos tratados nessas reuniões eram valores de contratos e
combinação de resultados em licitações, sempre de acordo com o
depoimento do doleiro.
"[As reuniões aconteciam] para se discutir exatamente questão de
valores, questão de quem ia participar do certame, esse tipo de
situação. E outros problemas que também se encontravam nas obras que
pediam para ser solucionados, esse tipo de assunto. Isso era feito uma
ata."
Costa e Youssef fizeram acordo de delação premiada e prestaram depoimento à Justiça Federal
nesta semana. Deflagrada em março pela Polícia Federal, a Operação Lava
Jato descobriu uma ação que movimentou estimados R$ 10 bilhões. Segundo
a PF, uma "organização criminosa" atuava dentro da empresa.
No depoimento, Youssef disse também que o esquema de corrupção tinha agentes públicos "mais elevados" que Costa. Tanto Costa como Youssef disseram que o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, intermediava os recursos desviados de obras da estatal para o PT. Outras siglas beneficiadas no esquema seriam o PP e o PMDB.
No depoimento, Youssef disse também que o esquema de corrupção tinha agentes públicos "mais elevados" que Costa. Tanto Costa como Youssef disseram que o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, intermediava os recursos desviados de obras da estatal para o PT. Outras siglas beneficiadas no esquema seriam o PP e o PMDB.
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