petrolãoEd Ferreira - 26.mai.15/Folhapress |
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José Aldemário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, em depoimento à CPI da Petrobras no ano passado |
O empresário Léo Pinheiro, ex-presidente e sócio da empreiteira OAS condenado a 16 anos de prisão na Operação Lava Jato, decidiu fazer um acordo de delação premiada, segundo a Folha
apurou junto a profissionais e investigadores que acompanham as
negociações. Pinheiro deve relatar casos envolvendo o ex-presidente
Lula, como as reformas do apartamento tríplex no Guarujá (SP) e do sítio
de Atibaia (SP), e pagamentos de suborno que teriam sido feitos pela
Odebrecht e para parlamentares que defendiam interesses da OAS.
Pinheiro era um dos empreiteiros mais próximos de Lula e de políticos de
Brasília. Por envolver parlamentares com foro privilegiado, a
negociação está sendo feito com a PGR (Procuradoria Geral da República),
de Brasília, e não com a força-tarefa de procuradores federais de
Curitiba. A expectativa dos investigadores é que será a delação mais
bombástica da Lava Jato, que já soma 40 colaboradores.
Outros executivos da empreiteira, como Agenor Franklin Magalhães
Medeiros, também vão participar do acordo, relatando casos de corrupção.
No último domingo (28), a colunista Mônica Bergamo revelou que executivos da OAS estudavam fazer a delação.
Nos esboços das declarações, que estão sendo escritos nesta semana,
Pinheiro deve dizer que a empresa preparou o apartamento do Guarujá para
Marisa, mulher de Lula, e que, posteriormente, ela não quis ficar com o
imóvel. Ele confirmará que a OAS bancou parte das reformas no sítio –a Folha
revelou que a obra foi tocada por uma espécie de consórcio informal de
amigos de Lula, formado por OAS, Odebrecht e a Usina São Fernando, do
pecuarista José Carlos Bumlai.
A Odebrecht já confirmou que um de seus funcionários, o engenheiro
Frederico Barbosa, atuou na reforma, mas não explicou até agora de onde
veio o dinheiro para as obras.
Pinheiro contará, segundo a Folha apurou, que pagou dívidas da campanha de Dilma Rousseff de 2010, para a agência Pepper.
Foram pagos pela OAS R$ 717 mil para a agência que cuidava da imagem de
Dilma nas redes sociais, como o Facebook. Nesta última terça (1º), a Folha revelou que a Andrade Gutierrez relatou em acordo de delação ter pago
cerca de R$ 6 milhões à Pepper, também em 2010, por meio de caixa dois.
A empresa afirma que prestou os serviços e nega ter recebido pagamentos
ilícitos.
A OAS e a Odebrecht ganharam em consórcio dois dos maiores contratos da
Petrobras, os quais somam pouco mais de R$ 7 bilhões. Eles envolvem a
construção de parte da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e da Repar
(Refinaria Getúlio Vargas), no Paraná. Segundo o ex-diretor da
Petrobras Paulo Roberto Costa, as empresas pagaram R$ 7,06 milhões em
suborno para a diretoria de Abastecimento, ocupada por ele entre 2004 e
2012. No caso da refinaria no Paraná, a UTC também fazia parte do
consórcio.
MENSAGENS
Pinheiro começou a negociar a delação em dezembro, quando vieram à tona
milhares de mensagens em que Pinheiro discutia pagamentos a políticos
com outros dirigentes da OAS, por meio do aplicativo WhatsApp. A
estimativa da PF é que tenham sido apreendidas cerca de 80 mil
mensagens, muitas delas comprometedoras para o executivo.
Por causa dessas mensagens, o executivo temia ser preso novamente por decisão do juiz Sergio Moro.
O empresário, no entanto, só tomou a decisão final após entendimento do STF
(Supremo Tribunal Federal), em 17 de fevereiro, que determinou o início
do cumprimento da pena de prisão após a condenação em segunda
instância.
Léo Pinheiro foi preso em novembro de 2014, na fase da Lava Jato que
apurou o envolvimento dos dirigentes das empreiteiras contratadas pela
Petrobras com o pagamento de propina a dirigentes da estatal e a
políticos. Foi solto por ordem do STF e preferiu o silêncio.
Em agosto do ano passado, o juiz Sergio Moro condenou-o a 16 anos de
prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e por integrar organização
criminosa. Ele recorre em liberdade.
Se a condenação for confirmada pelo TRF (Tribunal Regional Federal) de
Porto Alegre, que julga as sentenças do Paraná em segunda instância,
Pinheiro corre o risco de ser preso. Desta vez, não poderá aguardar em
liberdade os recursos aos tribunais superiores.
OUTRO LADO
A Pepper disse à reportagem que não recebeu nenhum pagamento da OAS em 2010.
Procurados, a Odebrecht e o Instituto Lula não haviam se manifestado até este momento.
Colaborou DAVID FRIEDLANDER, de São Paulo
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