Igor Gielow
Brasília - A execução pirotécnica da previsível saída de Marta
Suplicy do governo Dilma retrata o momento delicado em que a presidente
se encontra na relação com o PT e seu mentor, Luiz Inácio Lula da Silva.
Uma ministra da Cultura deixa o cargo com a chefe fora do país e faz críticas à política econômica. Mesmo descontando o voluntarismo de Marta e seus recentes movimentos por espaço próprio, ela vocaliza o recado partidário para uma mandatária que há pouco afirmou não ser influenciada pela opinião do PT.
Se carta de demissão tem um tom de "mimimi", para usar um termo
moderninho, o que fica ao fim é a esperança na "iluminação" de Dilma.
Intencionalmente ou não, Marta agiu como garota de recados do lulismo e
do combalido PT paulista aos quais é associada. Só estava no governo por
Lula, que precisava da máquina associada a ela na periferia paulistana
em favor de Fernando Haddad na disputa de 2012.
Ironicamente, ela se firma como opção caso Haddad continue com sua gestão em pandarecos em 2016.
Marta em si é um caso curioso. "Grande dame" do petismo, estranha no
ninho na esfera simbólica do partido, ela fez uma gestão elogiada na
Prefeitura de São Paulo, mas fracassou nas tentativas de reter o cargo e
voltar a ele depois.
No governo federal, o quadro é pálido. Sua marca no Turismo sob Lula foi
eternizar a frase "relaxa e goza", bem ao gosto de seu quadro no antigo
"TV Mulher" e tão deplorável no contexto da crise aérea de 2007.
Da atual gestão, ficam o populismo paternalista do Vale-Cultura,
política fundamentalmente equivocada, e a indisposição com Dilma por
entoar o "Volta, Lula" neste ano.
Dilma passou horas recentemente ouvindo conselhos de Lula. Será que ele e
seu entorno, a julgar representativo o arroubo de Marta, não se
convenceram de que ela foi "iluminada"? É um embate interno, mas central
para o futuro imediato do país.
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POLÍTICA E ECONOMIA