As investigações do Departamento de Justiça dos Estados Unidos e da SEC,
principal agência reguladora do mercado de capitais americano, sobre
irregularidades na Petrobras são as que mais preocupam o governo Dilma
por causa do potencial de impactos econômico e financeiro negativos no
funcionamento da estatal brasileira.
Segundo um assessor presidencial, as investigações de órgãos
brasileiros, como Ministério Público e Polícia Federal, também
preocupam, mas as americanas são mais complicadas porque podem
interferir em negócios e investimentos da estatal com parceiros
estrangeiros.
Além de multas e indenizações pesadas, com risco de pedido de prisão de
executivos, a imagem da governança da Petrobras no exterior pode ficar
"muito arranhada" a partir do que for apurado pelos órgãos dos EUA.
O processo de "depuração" na estatal, segundo o assessor, pode ser mais
"profundo" do que o imaginado diante das investigações da SEC e do
Departamento de Justiça dos Estados Unidos.
Na estatal, não está descartada uma nova troca de comando para sinalizar
mudanças na empresa, o que pode levar a uma saída de sua atual
presidente, Graça Foster.
Até o início da noite desta segunda-feira (10), porém, o governo
brasileiro ainda não havia sido informado da investigação do
Departamento de Justiça dos EUA.
Segundo a Folha apurou, a Petrobras, a Polícia Federal e o
Ministério da Justiça não foram notificados sobre a investigação
criminal que teria sido aberta pelo órgão americano, revelada pelo jornal britânico "Financial Times".
Um auxiliar da presidente disse também à Folha que não
necessariamente o governo brasileiro tem de ser notificado, mas isto
deve ocorrer pelo menos com a Petrobras porque estaria envolvida
diretamente no processo.
Ele disse que a orientação do Planalto é de colaborar com todas as
investigações, sejam no Brasil ou no exterior, porque o objetivo do
governo, diz, é punir todos que tenham praticados atos de corrupção
feitos com a estatal.
As investigações sobre corrupção na Petrobras começaram neste ano,
depois que a Polícia Federal prendeu, na Operação Lava Jato, o
ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa e o doleiro
Alberto Yousseff.
Os dois fizeram um acordo de delação premiada com a Justiça para reduzir
suas penas no processo que apura o escândalo na estatal. Eles revelaram
ao Ministério Público e à PF como funcionaria o esquema de desvio de
recursos na Petrobras para partidos, como PT, PMDB e PP.
Na semana passada, o escândalo, a partir de pressões da
PricewaterhouseCoopers, empresa de auditoria da Petrobras, já provocou a
queda do presidente da Transpetro, Sergio Machado.
A consultoria, a partir de notificação da SEC, condicionou a aprovação
das contas da estatal à saída de Machado, que teve seu nome citado como
suspeito de participar de atos irregulares. Ele nega.
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