As mudanças feitas pela gestão de Dilma Rousseff no emaranhado setor
elétrico desde 2012 deixaram diversas pontas soltas. Problemas que terão
de ser resolvidos pela própria equipe de governo até o início do
próximo mandato.
Do lado do consumidor, 2015 promete trazer reajustes importantes nas
contas. Isso porque todos os ajustes de preço promovidos ao longo do ano
terão de incluir a reposição parcial de gastos que as distribuidoras
tiveram em 2014 com a compra de energia, cujo preço subiu por causa do
baixo volume de chuvas.
Para cobrir as despesas atípicas, as empresas levantaram, com a
intermediação do governo, um empréstimo bancário de R$ 17,8 bilhões, que
terá de ser pago pelo consumidor em dois anos.
A Aneel também terá de definir a parcela dos gastos estimados para o
setor elétrico no ano que deverá ser repassada ao consumidor em 2015 via
tarifa. Em 2014, por exemplo, foram R$ 5,6 bilhões.
Não fosse suficiente, o setor pode voltar a ter de se endividar no próximo ano.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Tudo depende da capacidade do governo em calibrar o valor-teto dos
próximos leilões de energia. Se forçar o preço para baixo, as usinas
podem não participar do processo. Por consequência, as distribuidoras
ficam reféns do mercado de curto prazo, com contratos mais caros.
Uma vez que essas contas superem a capacidade de pagamento das
distribuidoras, elas não poderão recorrer à captação de empréstimos sem
nova previsão legal publicada pelo governo. A regra atual autoriza essa
"ajuda" financeira apenas ao longo de 2014.
A variação de preços no mercado de energia depende ainda de como o
governo vai lidar com as especificidades do setor. Se houver pouca
chuva, por exemplo, e os reservatórios permanecerem baixos, será
necessário rediscutir o uso das usinas térmicas em tempo integral. Além
da matriz energética atual –que prioriza a geração de usinas
hidrelétricas.
Como as térmicas estão operando acima da previsão contratual, elas
também demandam mais revisões, exigindo calendário específico para
realização dos reparos.
Para não colocar em xeque a segurança do fornecimento de luz, o governo
pode ainda ter de lançar mão de uma campanha pelo uso racional de
energia, o que não foi feito neste ano eleitoral.
Diante de tantos problemas, e das altas cifras, o governo acabou adiando
a discussão e a publicação das regras para renovação das concessões das
distribuidoras. Ao todo 38 empresas, de 63, terão de passar pelo
processo entre o meio e o fim de 2015.
Procurado, o Ministério de Minas e Energia não destacou um porta-voz
para comentar as pendências. Em nota, afirmou que o setor elétrico é
"fortemente regulado, com regras claras, conhecidas".
LEOPOLDINA CORRÊA é jornalista com formação em Mídias Digitais pela UFC >>>> Diploma
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POLÍTICA E ECONOMIA