Os Correios abriram uma exceção para o PT e distribuíram em São Paulo
panfletos da presidente Dilma Rousseff sem chancela ou comprovante de
que houve postagem oficial. A estampa, prevista em norma da própria
estatal, serve para demonstrar que houve pagamento para o envio, de
forma regular, da propaganda eleitoral. Sem ela, é difícil atestar que a
quantidade de material distribuído corresponde ao que foi contratado
pelo partido. O número declarado de panfletos distribuídos sem chancela
dos Correios foi de 4,8 milhões.
A exceção para os
petistas foi aberta a partir de um comunicado interno dos Correios em
São Paulo, no qual a empresa autoriza, em caráter "excepcional", a
postagem dos folders na modalidade de mala postal domiciliária (MPD). A
Diretoria Regional Metropolitana, responsável pelo aval, atribui a
medida a um problema na impressão dos quase 5 milhões de peças. O órgão é
chefiado por Wilson Abadio de Oliveira, afilhado político do
vice-presidente da República, o peemedebista Michel Temer.
"Está
autorizada, em caráter excepcional, na AGF (agência franqueada) Santa
Cruz, a postagem de 4.812.787 folders da candidata às eleições 2014
Dilma Vana Rousseff", diz o documento "Correios Informa" do dia 3 de
setembro. "Devido a erro de produção gráfica, não foi confeccionada a
respectiva chancela", acrescenta o comunicado. Documento dos próprios
Correios determina, como "requisito mínimo", que cada santinho enviado
pela mala direta domiciliária deve ter a chancela, com a descrição do
nome e do CNPJ do candidato. Também deve constar o ano das eleições e a
origem da postagem, entre outras inscrições.
Os santinhos
foram remetidos para a Grande São Paulo e cidades do interior até o dia
12 de setembro, com mensagens regionalizadas. "Ela já faz mais por
Campinas", dizem os folhetos distribuídos na cidade, apresentando uma
sorridente Dilma, ao lado de Temer e Lula. O impresso destaca
realizações em programas federais como o Mais Médicos e o Brasil
Sorridente. "Mais cuidados, mais investimentos, mais futuro. Campinas
pode sempre contar comigo", diz Dilma na propaganda.
A
presidente aparece em desvantagem nas pesquisas de intenção de voto em
São Paulo, maior colégio eleitoral do País, o que levou o PT a
determinar um reforço da campanha no Estado.
Justiça Eleitoral. A
distribuição dos panfletos regionalizados sem estampa oficial fez parte
dos carteiros se rebelar, ameaçando não entregá-los. Além disso,
motivou denúncia das entidades que os representam à Justiça Eleitoral,
que cobrou explicações à estatal.
Carteiros informaram que, ao
questionarem seus chefes sobre os panfletos de Dilma, enviados em caixas
aos setores dos Correios, foram orientados pelos gestores dos centros
de distribuição a entregá-los como estavam.
O Sindicato dos
Trabalhadores dos Correios e Telégrafos (Sintect-ACS) em Campinas
enviou carta ao diretor regional dos Correios no interior paulista,
Divinomar Oliveira da Silva, filiado ao PT, cobrando esclarecimentos e
providências urgentes quanto à distribuição.
"Ao contrário do que
acontece com outros candidatos nas campanhas eleitorais, esse material
da candidata Dilma está sendo distribuído aos carteiros sem qualquer
chancela ou anotação que demonstre o pagamento por sua postagem,
levando-nos a crer numa irregularidade eleitoral", reclamaram os
carteiros por escrito, ameaçando enviar representação ao Tribunal
Superior Eleitoral.
"No mínimo, é estranho o que ocorreu,
por se tratar de uma candidata e do volume de material enviado. Os
carteiros estão acostumados a fazer a entrega de material com chancela.
Como você vai ter controle de que estão entregando 4 milhões ou dez
milhões. É como entregar uma carta sem o selo", disse o
coordenador-geral da entidade, Luís Aparecido de Moraes. A estatal disse
que o pagamento foi à vista, com a emissão de recibos, e que a
autorização "excepcional" está prevista em suas normas.
Os
Correios são controlados pelo PT desde dezembro de 2010, com a nomeação
por Dilma do sindicalista Wagner Pinheiro para a presidência da empresa.
Ex-presidente da Petros, o fundo de pensão dos funcionários da
Petrobrás, Pinheiro é filiado ao PT do Rio De Janeiro. O partido assumiu
o controle da empresa após a crise postal daquele ano, tirando a
cadeira do PMDB. Com Pinheiro no comando, a empresa virou feudo do PT.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Uol
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