A presidente Dilma Rousseff informou nesta sexta-feira (19) que vai
pedir ao STF (Supremo Tribunal Federal) o acesso aos depoimentos
prestados pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa na Polícia
Federal, em que ele teria apontado o envolvimento de autoridades do
governo em um suposto esquema de corrupção na estatal.
O pedido será encaminhado ao ministro Teori Zavascki, relator do caso na Corte.
"Eu quero saber. Não é possível que a revista 'Veja' [que publicou
reportagem sobre o assunto] saiba alguma coisa e o governo não saiba
quem está envolvido", disse a presidente, que afirmou que não tomará
medidas "baseadas no disse-me-disse".
Dilma voltou a dizer que
não fará julgamentos ou tomará medidas em relação às denúncias com base
em notícias veiculadas na imprensa. "Não reconheço na revista 'Veja' nem
em nenhum outro órgão de imprensa o status que tem a Polícia Federal, o
Ministério Público e o Supremo. Não é função da imprensa fazer
investigação. Eu não pré-julgo e não comprometo a prova", acrescentou.
EDISON LOBÃO - O ministro de Minas e Energia, Edison lobão (PMDB-MA), é um dos políticos mencionados como suposto envolvido em esquema de desvio de dinheiro dos cofres da Petrobras. Segundo reportagem da revista "Veja", Costa citou, em depoimento em regime de delação premiada, o nome de ao menos 25 deputados federias, 6 senadores, 3 governadores, um ministro de Estado e pelo menos três partidos políticos (PT, PMDB e PP), que teriam recebido propina de 3% do valor dos contratos da Petrobras. De acordo com a revista, Lobão diz que sua relação com Costa era institucional e negou ter recebido dinheiro.
O governo já havia pedido acesso às declarações feitas por Costa à PF e
ao Ministério Público Federal, que negaram a solicitação. O ex-diretor
da Petrobras prestou as informações em um acordo de delação premiada. Na
negativa, em ofício enviado ao ministro da Justiça, o procurador-geral
da República, Rodrigo Janot, explicou que o sigilo do depoimento tem que
ser mantido até que a Justiça transforme o caso em ação penal.
"Agora pedirei ao juiz. Quero ser informada se no governo tem alguém
envolvido", acrescentou Dilma, que voltou a criticar o vazamento de
informações do depoimento de Costa. Segundo a presidente, esse tipo de
prática compromete as provas, o que pode impedir a condenação e aumentar
impunidade.
"O câncer que tem nos processos de corrupção é que a
gente investiga, investiga, investiga e continuam impunes. Eu tenho
imenso compromisso contra a impunidade, porque o pai, o compadre do
crime de corrupção, de lavagem de dinheiro, do crime financeiro, é a
impunidade", avaliou.
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