A candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva, afirmou em
entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira (29) em Caruaru (PE),
que as declarações do presidenciável Levy Fidélix (PRTB) no debate
de ontem (28) na TV Record são "homofóbicas e inaceitáveis". A
candidata do PT à reeleição, Dilma Rousseff, também criticou o rival.
No debate, o candidato associou homossexuais à pedofilia e pregou o enfrentamento a gays.
"É uma visão de completa intolerância com a diversidade social, cultural, que caracteriza o nosso país, com o respeito que se deve ter às pessoas, independente da condição social, cor e orientação sexual", disse a ex-senadora.
Questionado sobre por qual motivo não confrontou o candidato após as declarações, Marina afirmou que as regras do debate não permitiram. "O debate tem regras em que você não pode interferir na fala das demais pessoas."
Segundo Marina, a Rede Sustentabilidade fará uma representação contra Levy Fidelix.
Já Dilma voltou a defender nesta segunda-feira a criminalização da
homofobia. "Eu acho que a homofobia tem que ser criminalizada", disse.
A declaração de Dilma foi feita durante entrevista coletiva realizada
em um hotel em São Paulo. Durante a entrevista coletiva realizada pouco
antes de um comício no bairro do Campo Limpo, em São Paulo, Dilma disse o
país não poderia conviver com processos discriminatórios que levassem à
violência.
"Eu já disse que o meu governo e eu, tanto pública
quanto pessoalmente, sou contra a homofobia. Acho que o Brasil atingiu
um patamar de civilidade, que nós, a sociedade brasileira, o governo,
todos nós, não podemos conviver com processos de discriminação que levem
à violência", disse a presidente e candidata.
Com relação aos
direitos civis das relações entre pessoas do mesmo sexo, Dilma disse que
o assunto não estava em discussão por conta da decisão do STF (Supremo
Tribunal Federal) sobre o assunto. "No que se refere às relações
estáveis entre pessoas do mesmo sexo, o Supremo Tribunal Federal foi
claro e definitivo e leis, nesse país, e decisões do Supremo existem
para serem cumpridas e nós temos que cumprir essa que declarou que a
união estável de pessoas do mesmo sexo garante todos os direitos civis",
disse.
"Tanto que é assim que nós, imediatamente após a decisão
do Supremo, adotamos todos esses princípios para os funcionários
públicos federais. Essa é uma questão que não está em discussão",
afirmou a candidata.
O candidato do PSDB, Aécio Neves,
irritou-se ao ser questionado sobre o assunto. "Não era a minha vez de
falar, não tinha como responder no debate, por isso, estou me
manifestando para você aqui."
"Aparelho excretor"
Levy afirmou que gays precisam de atendimento psicológico "bem longe
daqui". As declarações foram dadas após pergunta da candidata Luciana
Genro (PSOL), que citou a violência a que a população LGBT é submetida e
indagou Levy sobre os motivos pelos quais os que "defendem a família se
recusam a reconhecer como família um casal do mesmo sexo."
"Aparelho excretor não reproduz (...) Como é que pode um pai de família,
um avô ficar aqui escorado porque tem medo de perder voto? Prefiro não
ter esses votos, mas ser um pai, um avô que tem vergonha na cara, que
instrua seu filho, que instrua seu neto. Vamos acabar com essa
historinha. Eu vi agora o santo padre, o papa, expurgar, fez muito bem,
do Vaticano, um pedófilo. Está certo! Nós tratamos a vida toda com a
religiosidade para que nossos filhos possam encontrar realmente um bom
caminho familiar", afirmou.
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