"Desconheço qualquer esquema de corrupção. Ratifico que não recebi
propina", afirmou Cerveró, a exemplo do que fez em depoimentos à CPI em
maio, junho e setembro deste ano.
Questionado sobre se não há esquema de corrupção ou se ele apenas não
tem conhecimento, Cerveró respondeu. "Eu desconhecia [a existência].
Pelo fato de não conhecer, não havia."
A acareação está sendo feita porque Costa teria dito, em delação
premiada, que Cerveró recebia propinas e fazia parte dos desvios na
Petrobras, o que o ex-diretor da área internacional sempre negou. A
suspeita é que a compra de 50% da refinaria de Pasadena, nos Estados
Unidos, em 2006, tenha relação com o esquema.
O TCU (Tribunal de Contas da União) considera a aquisição um péssimo
negócio em função dos prejuízos causados à estatal. Cerveró foi o
responsável pelo parecer que avalizou a compra da refinaria. O
ex-diretor da Petrobras integrava o Conselho de Administração da
Petrobras, órgão na época presidido pela então ministra Dilma Rousseff,
que qualificou de "falho" o documento elaborado pelo ex-diretor.
Em todas as oportunidades, o ex-diretor negou que participou ou tinha conhecimento do esquema na estatal. Em outros depoimentos à CPI da Petrobras, Cerveró isentou Dilma e,
mais de uma vez, afirmou que a compra de Pasadena foi um bom negócio,
já que estaria dando lucro atualmente, de acordo com ele. O mesmo foi dito por Paulo Roberto Costa.
Hoje, questionado pelo líder da oposição, deputado Antonio Imbassahy
(PSDB-BA), Cerveró responsabilizou o Conselho de Administração da
Petrobras pela compra da refinaria e não quis posicionar-se quando
questionado se Dilma tem responsabilidade pela compra de Pasadena.
"Confirmo que o conselho é responsável pela compra de ativos", disse
Cerveró. "Confirmou então", comentou Imbassahy.
Propina
Costa, que era de outra área da Petrobras, teria admitido que recebeu
US$ 1,5 milhão a título de propina só pela compra da refinaria de
Pasadena. Por conta disso, os parlamentares questionaram Cerveró como
pode ele, que era da área responsável pela aquisição, não ter recebido
propina se um diretor de outra área recebeu US$ 1,5 milhão.
"Eu não recebi nada. Eu fiz o procedimento normal", disse. "Não houve
nenhum recebimento da minha parte. Inclusive isso não consta da
colocação feita pelo TCU", disse.
Já Paulo Roberto Costa ratificou as declarações dadas em delação premiada à Justiça Federal.
"Os depoimentos são diametralmente opostos. Alguém está mentindo aqui
provavelmente pela segunda vez aqui na CPMI", afirmou o deputado federal
Arnaldo Jordy (PPS-PA).
Em outra delação premiada, Julio Camargo, executivo da Toyo Setal,
teria afirmado que Cerveró recebeu propina de Fernando Soares, o
Fernando Baiano, suspeito de ser o operador do PMDB no esquema da
Petrobras. O ex-diretor da estatal teria ficado com uma parte de US$ 40 milhões que
Fernando Baiano teria recebido para intermediar dois contratos com
Cerveró. Suspeita-se que o dinheiro foi enviado ao Uruguai em contas do
ex-diretor da Petrobras.
Hoje, Cerveró admitiu que conhece Fernando Baiano, mas negou saber se ele atuava como intermediário de partidos políticos.
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