O depoimento do diretor da empreiteira Toyo Setal indicando ter doado
dinheiro do esquema de desvios da Petrobras para o PT no ano eleitoral
de 2010 coloca o escândalo da estatal ainda mais próximo da presidente
Dilma Rousseff.
Caso a Justiça venha a comprovar o que ele falou, o Diretório Nacional
do PT recebeu em 2010 recursos oriundos de crime e os declarou à Justiça
Eleitoral.
Politicamente, é arrasador: basta imaginar o que teria ocorrido se essa
revelação tivesse vindo à tona antes do pleito deste ano. Não deverá
faltar, na oposição renovada depois de outubro, disposição de expor o
governo a constrangimentos.
Juridicamente, é mais complicado prever implicações. Primeiro, ainda que
isso soe cinismo (e é), há o argumento de que o dinheiro foi para o
Diretório Nacional, não diretamente para a campanha de Dilma. Como se
sabe, doação feita ao partido é uma forma justamente de evitar as
digitais claras no dinheiro.
Além disso, ainda que hipoteticamente seja possível rastrear o recurso
até o cofre da campanha, as contas de Dilma naquele ano foram aprovadas.
Logo, é incerto qual o tipo de questionamento legal poderá ser
eventualmente proposto pelo Ministério Público Federal —afora o fato de
que o PT sempre poderá alegar que não sabia a origem do dinheiro doado, o
que é mais do que improvável a crer nos termos da delação premiada.
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POLÍTICA E ECONOMIA