-
Laycer Tomaz - 7.abr.2014/Câmara dos DeputadoO deputado André Vargas (sem partido-PR) teve o mandato cassado nesta quarta-feira
A Câmara dos Deputados cassou nesta quarta-feira (10) o mandato do deputado federal André Vargas (sem partido-PR), suspeito de ter intermediado negócios do doleiro Alberto Youssef com o Ministério da Saúde e de ter usado um jatinho do doleiro.
O pedido de cassação foi aprovado por 359 votos a favor, um contra e
seis abstenções. O único voto contra a cassação foi do deputado Zé
Airton (PT-CE).
Com a decisão, André Vargas fica inelegível por oito anos de acordo com a Lei da Ficha Limpa.
A cassação de Vargas aconteceu após a oposição conseguir reverter uma
manobra regimental que quase impediu a votação do pedido de cassação. A
sessão que votaria o pedido foi encerrada por falta de quórum duas horas
antes do prazo habitual. A oposição protestou e o presidente da Câmara,
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), recolocou o pedido na ordem do dia.
A sessão que votaria a cassação de Vargas foi iniciada às 11h, mas até
as 13h02, o quórum mínimo para que a sessão continuasse, que era de 257
deputados, não estava presente na casa. Pelo regimento, a sessão deveria
só poderia ser encerrada por falta de quórum quatro horas depois do seu
início.
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que não estava no plenário da Câmara
no momento do encerramento da sessão, assumiu a responsabilidade pela
paralisação, mas negou que fosse uma manobra para beneficiar André
Vargas.
"Assumo a responsabilidade de ter concordado com o seu encerramento, ao
ser informado que duas horas se passaram e o quórum não havia se
formado. Não foi no intuito de proteger ninguém", afirmou.
Mais cedo, Vargas tentou adiar, mais uma vez, a votação.
Ele encaminhou à Câmara um atestado médico indicando que ele havia sido
submetido a uma cirurgia odontológica e que por isso não poderia estar
presente à sessão na qual ele faria sua própria defesa.
O atestado, porém, não surtiu efeito. O deputado Eurico Júnior (PV-RJ),
indicado como defensor de Vargas, leu a defesa de Vargas. A votação da
cassação já havia sido adiada seis vezes.
"Somos deputados de um partido e votamos de acordo com a deliberação
dele", disse, após o resultado, o deputado Vicentinho, líder do PT na
Câmara, que votou pela cassação.
"Depois da manobra que tentaram fazer para impedir a votação, o mínimo
que poderia ser feito para respeitar a história dessa Casa era
cassá-lo", disse Pauderney Avelino (DEM-AM).
Ampliar
ANDRÉ
VARGAS - Deputado sem partido, eleito em 2010 pelo PT do Paraná,
ex-vice-presidente da Câmara. O deputado é alvo de processo por quebra
de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Câmara que pode resultar
na cassação do mandato. Ele confessou ter usado um jatinho pago pelo
doleiro Alberto Youssef, renunciou à vice-presidência da Casa em abril e
ficou em licença não-remunerada por 60 dias. Em função das pressões do
seu antigo partido, o PT, Vargas dixou a legenda à qual estava filiado
há mais de 25 anos Laycer Tomaz/Câmara dos Deputado
O caso
André Vargas foi filiado ao PT entre 1990 e 2014. No início da operação
Lava Jato, Vargas foi flagrado intermediando negócios do doleiro
Alberto Youssef com o Ministério da Saúde.
Vargas admitiu conhecer Youssef, mas negou qualquer irregularidade em
seu relacionamento com o doleiro. O deputado foi então pressionado pelo
PT a deixar a vice-presidência da Câmara e a se desfiliar o partido.
Em agosto, o Conselho de Ética considerou que Vargas quebrou o decoro
parlamentar. O parecer do deputado Júlio Delgado (PSB-MG) também levou
em consideração a locação de um avião utilizado por Vargas para passar
férias com a família no Nordeste, a um custo de R$ 105 mil, custeado por
Youssef.
A cassação de André Vargas é a primeira de um parlamentar supostamente
ligado à operação Lava Jato. A operação investiga um esquema de desvio
de recursos públicos em licitações de órgãos e empresas públicas, entre
elas a Petrobras. O STF analisa uma lista com pelo menos 70 políticos
que estariam envolvidos no esquema.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
POLÍTICA E ECONOMIA