A base aliada venceu a primeira manobra de obstrução encampada pela
oposição e, após aprovar um requerimento, conseguiu fazer com que fosse
iniciado o processo de votação de dois vetos presidenciais, no Plenário
do Congresso Nacional. A análise desses dispositivos é pré-requisito
para que entre na pauta de votação desta tarde o projeto de Lei de
Diretrizes Orçamentárias que permite abatimentos no cálculo do superávit
primário.
Diante de um déficit fiscal acumulado e na impossibilidade de cumprir a
meta mínima prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) em vigor,
de R$ 49 bilhões, o Palácio do Planalto encaminhou uma proposta ao
Legislativo que permite que todos os gastos com o Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC) e as desonerações tributárias sejam abatidos do
cálculo desse piso. Na prática, a medida abre brecha para que a meta
seja dada como atingida mesmo em caso de um resultado negativo, razão
pela qual a oposição tem acusado a presidente Dilma Rousseff de pedir
uma "anistia" para evitar uma eventual responsabilização pelo
descumprimento da LDO vigente.
Queixando-se da determinação do presidente do Congresso, senador Renan
Calheiros (PMDB-AL), de não abrir as galerias para o público, e acusando
Dilma de "chantagear" os parlamentares ao editar um decreto vinculando a
liberação de R$ 444 milhões em emendas à aprovação da flexibilização da
meta, a oposição entrou em obstrução para tentar impedir o
prosseguimento da sessão. Assim como fizeram na semana passada,
deputados e senadores do PSDB e do DEM reclamaram que Calheiros está
"atropelando" as regras regimentais para garantir a votação. "Quer
ganhar, ganhe dentro das regras do jogo", disse o líder do DEM na
Câmara, Mendonça Filho (PE).
A intenção inicial do governo era liquidar a fatura na sessão do
Congresso Nacional de ontem à noite. Uma confusão generalizada entre
manifestantes, seguranças do Senado e parlamentares da oposição, no
entanto, fez com que a reunião fosse suspensa e retomada nesta manhã.
Isso desencadeou uma saraivada de queixas mútuas: a base aliada afirmou
que se tratava de uma claque paga para tumultuar a sessão e os
adversários do Palácio do Planalto disseram que o PT e o governo querem
impedir que a população acompanhe o debate.
Nesta manhã, o líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana
(PT-RS), chegou a acusar o senador Aécio Neves (PSDB-MG) de também ter
impedido a entrada de manifestantes nas galerias do plenário quando o
tucano chefiou a Casa, entre 2001 e 2002. O senador rebateu e disse que
Fontana estava tentando "justificar o injustificável" e que, na ocasião,
ocorreram reuniões ao longo de todo o dia para tentar liberar o espaço
para o público.
Hoje, com a oposição usando de artifícios regimentais para tentar
barrar a apreciação do projeto que muda as regras fiscais, a base
conseguiu aprovar um requerimento que colocou os dois vetos em votação.
Após o encerramento do processo, as cédulas irão para apuração e só
depois que o resultado for proclamado o projeto da LDO poderá ser
analisado.
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