sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Lula diz que denúncia de corrupção não pode 'baixar a cabeça' de petista

Ele atribuiu a rivais em campanha eleitoral o surgimento de acusações.

Ex-Petrobras afirmou que PT, PP e PMDB recebiam valores de contratos.

Roney Domingos Do G1, em São Paulo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (9) em evento do PT, em São Paulo, que nenhuma denúncia de corrupção pode baixar a cabeça de petista. Lula disse não admitir que “tucano” chame membros de seu partido de "corrupto".
"Nós temos de provar a nós mesmos que nenhuma denúncia de corrupção pode baixar a cabeça de um petista. Não podemos admitir que um tucano bicudo venha chamar a gente de corrupto. Não podemos aceitar que eles façam adesivos fora PT fora Dilma porque nos nunca fizemos fora eles”, disse Lula.

Nesta quarta-feira (8), o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso em regime domiciliar no Rio, em depoimento à Justiça Federal do Paraná, que parte da propina cobrada de fornecedores da estatal era direcionada para atender a PT, PMDB e PP, e foi usada na campanha eleitoral de 2010.

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, divulgou nota na tarde desta quinta na qual diz repudiar "com veemência e indignação" as declarações "caluniosas" de Costa. PMDB e PP não se manifestaram sobre as denúncias. O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, afirmou, também nesta quinta que as declarações do ex-diretor da Petrobras evidenciam 'algo institucionalizado' na estatal.

Lula atribui o surgimento de denúncias em período eleitoral à iniciativa de adversários do PT. "Toda época de campanha é sempre o mesmo cenário, eles começam a levantar denúncias. E denúncias não precisam ser provadas. É so insinuar. Eu estou com o saco cheio. Estou cansado", declarou Lula.

"E todo ano a mesma coisa. É eleição para prefeitura, eleição para presidente, eleição para governardor. Daqui a pouco vão estar investigando como é que nos comportávamos no ventre de nossa mãe. Acho que precisamos encarar esse problema de frente."

Sobre a disputa nacional, Lula destacou que a disputa neste segundo turno é entre duas propostas diferentes para o país. "Essa campanha não é entre Aécio e Dilma. É uma campanha entre duas propostas para o país. A deles, travestida de novo, traz de volta tudo o que é velho. São as ideias que não deram certo. É trazer de volta para esse pais o FMI dando palpite na economia, os sistemas financeiros que querem ganhar sem investir na produção, a ideia de que universidade é para poucos e que o desemprego faz parte da boa estabilidade econômica."
Lula atacou a declaração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sobre os eleitores do PT. "Aquilo não é pensamento dele. Aquilo é uma cultura deles. É uma cultura de dizer que quem não vota neles é mais burro do que quem vota neles. De que quem vota neles são os sabidos e quem vota em nós são ignorantes. Ele não falou apenas do Nordeste ou do Norte. Ele falou da periferia de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Belo Horizonte. Sobretudo porque na cabeça dele o Nordeste de hoje e a periferia ainda são como eram no tempo que ele era presidente da Replública.  Não é mais. Hoje no Nordeste as pessoas não ganham uma cesta básica. As pessoas ganharam cidadania. O que nos garantimos para esse povo pobre de quem eles não gostam foi o direito de andar de cabeça erguida."
Pedido ao presidente do PT em SP
O ex-presidente Lula também cobrou, em público, do presidente estadual do PT em São Paulo, Emídio de Souza, a implantação de um comando central da campanha de Dilma Rousseff no estado. Lula reclamou da ausência de carros de som durante a campanha de Alexandre Padilha, derrotado no primeiro turno.
"Fui com Padilha a São Miguel Paulista [Zona Leste de São Paulo] e não tinha nem caminhão de som. Nem eu ouvia o que eu falava. Temos até segunda-feira para colocar o trem em funcionamento", disse Lula.
Emídio de Souza explicou que há varias ações de planejamento em curso e, inclusive, uma agenda de atividades até o dia da eleição.
Ele disse que a campanha começou com uma onda vermelha em que a vitória de Dilma parecia garantida, mas em seguida houve uma onda verde, em favor de Marina, após a morte de Eduardo Campos. Por último, segundo Souza, houve uma onda azul. "Temos de criar uma onda vermelha no estado de São Paulo e no país. O nosso tempo é curto e a nossa vitória tem que ser construída", afirmou.
O presidente do PT, Rui Falcão, afirmou que o mau resultado nacional ocorreu por causa do desempenho na cidade de São Paulo. "Vamos combinar, não fomos bem na cidade de São Paulo. Há dois anos o povo de São Paulo elegeu o nosso prefeito, Fernando Haddad. Por que o povo da periferia votou no Aécio e na Marina?" questionou.
Derrotado na disputa ao governo de São Paulo, o ex-ministro Alexandre Padilha pediu envolvimento da militância. "Temos de acreditar mais no nosso olho a olho do que em pesquisas", afirmou.
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, conclamou: "Não tem voto de oposição à presidente Dilma que sustente uma conversa de dez minutos. Tem uma minoria que não quer conversar porque está envenenada, homeopaticamente, por manchetes negativas", afirmou.

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