domingo, 19 de outubro de 2014

Canal legal do sistema financeiro foi usado para enviar US$ 234 mi

Conhecido no escândalo Banestado como o principal operador de um esquema clandestino de remessa de valores ao exterior, o doleiro Alberto Youssef passou a usar, no escândalo da Petrobras, canais legais do sistema financeiro, usando contratos de câmbio com registros no Banco Central, bancos e corretoras de valores.
Por esses canais oficiais, segundo investigadores da Operação Lava Jato da Polícia Federal, Youssef conseguiu enviar para fora do país US$ 234 milhões desde 2009 em nome de empresas como Labogen e Piroquímica.
Elas simulavam a compra no exterior de mercadorias, que nunca chegaram ao Brasil. Quando foi interrogado pelo juiz federal Sérgio Moro, de Curitiba (PR), em 28 de agosto, o empresário Leonardo Meirelles, dono da Labogen, confirmou a fraude.
"As importações eram reais?", quis saber Moro. "As importações não eram reais", respondeu Meirelles. "De quem eram esses valores?", indagou o juiz. "A grande maioria era do Alberto Youssef", disse Meirelles.
A maior parte dos recursos, cerca de US$ 150 milhões, foi enviada para contas em Hong Kong. Outros US$ 47 milhões foram para a China, segundo dados reunidos na CPI da Petrobras.
Os valores eram enviados por meio de bancos, sobretudo o Citibank, após serem trocados em corretoras como a Pionner, de São Paulo.De lá, o dinheiro seguiu para contas ainda não completamente mapeadas pela
Polícia Federal e pela CPI.
Para investigadores e membros da CPI, a facilidade com que o esquema conseguiu operar por tantos anos pode revelar um buraco no sistema de controle das atividades financeiras.
Para o BC, porém, não houve falha na fiscalização, e sim acerto, pois as comunicações do Coaf, órgão de inteligência financeira do governo federal, é que deram origem à Lava Jato e à delação pela qual o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto da Costa denunciou o esquema de corrupção.
OUTRO LADO
O advogado de Youssef, Antônio Figueiredo Basto, contradisse as afirmações de Meirelles. Segundo o advogado, o doleiro "era cliente" de Meirelles, mas "quem indicava as contas lá fora era o Leonardo", enquanto este diz que as contas eram indicadas por Youssef.
Indagado se Youssef manteve essa versão no acordo de delação premiada que começou a fazer na Justiça, o advogado disse que não poderia comentar o depoimento do doleiro.
A advogada da corretora Pioneer informou que a empresa "nunca soube que os contratos eram fictícios".
Em nota, o Citibank diz que mantém "altos padrões de controles e compliance, cooperando com autoridades sempre que solicitado".



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