sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Dilma diz que chamará Aécio e Marina para dialogar

A presidente Dilma afirmou, em entrevista ao "Jornal do SBT" na noite desta terça-feira, que aceita em seu segundo mandato dialogar com os dois candidatos que ameaçaram sua reeleição, Aécio Neves e Marina Silva.
"Sem a menor sombra de dúvida estou aberta ao diálogo. Acho que a palavra correta no início de um governo é se abrir ao diálogo com todos os setores, o Aécio, a Marina. Sim, posso chamá-los sim", disse.
Ela não deu detalhes de como ou quando esse possível diálogo poderia ser estabelecido.
"É necessário que a gente crie no Brasil pontes. Não precisa de ter as mesmas posições. Quando eu falo em união, eu não quero aquela união que torna tudo pasteurizado. Quero aquela união que as pessoas mantenham suas diferenças de opinião, que possam agir de forma diversificada e que, ao mesmo tempo, conversem. A conversa não implica em abrir mão de nada. Ela mostra generosidade, mostra espírito público.

Minutos antes, em entrevista ao "Jornal da Band", ela havia dado declaração parecida em relação a dialogar com Aécio.
Segundo ela, esse diálogo terá que ser não apenas com a oposição, mas também com a "os setores produtivos, os bancos, as representações da sociedade", disse na Band.
Durante todo o seu primeiro mandato, Dilma foi criticada por não ouvir políticos, empresários e movimentos sociais.
REFORMA POLÍTICA
Nas duas entrevistas, a presidente afirmou que não imagina como o projeto de reforma política, que ela já disse ser uma de suas prioridades no novo mandato, pode ser discutido sem a algum tipo de participação popular. Nesta semana, parlamentares já afirmaram que não querem um plebiscito popular sobre o tema, e sim que o próprio Congresso o debata.
"Acho muito difícil que essa discussão não seja interativa. Tem-se que discutir a forma [de debater a reforma]. A forma que vai ser, não sei. Mas acho muito difícil que não tenha [algum tipo de] consulta popular", afirmou no SBT.
"Acho que não interessa muito se é referendo ou plebiscito. Pode ser uma coisa ou outra."
PETROBRAS
A presidente também disse, no SBT, que é a favor da abertura de uma nova CPI sobre o escândalo da Petrobras. Essa possibilidade é discutida no Congresso.
"Tudo o que for investigação da Petrobras pode ser feito. O governo não vai criar nenhum obstáculo. Acho que tem uma investigação [resultante da Operação Lava-Jato da Polícia Federal] que está sendo desenvolvida. Não colocarei [obstáculos].
"Acho que temos uma oportunidade única, que é acabar com a impunidade. Até aqui, o que é que acontecia? Vários processo que foram desenvolvidos no Brasil, objetos de CPI, o que é que acontece no final? No final, acaba, como o povo diz, em pizza. Se você mantém a impunidade, você está sancionando a corrupção. Eu quero essa investigação doa a quem doer, não vou deixando pedra sobre pedra."
Dizendo que quer manter uma "comunicação integral" sobre os desdobramentos da investigação, de forma a evitar "vazamentos seletivos, estranhos, que interessam a grupos políticos que manejam essas informações", ela disse ter sido na campanha alvo de desse tipo de vazamento.
"Eu fui vitima, nos últimos da minha campanha, de um vazamento seletivo, estranhíssimo, porque a acusação não é feita e a prova não é mostrada, nem a acusação fica clara qual é."
Ela negou que tenha agido politicamente para indicar diretores de estatais, e afirmou que isso é uma prática que ocorria antes de ela assumir.
ECONOMIA
Dilma voltou, nas duas entrevistas, a se dizer otimista com a recuperação da economia, e preferiu não se pronunciar sobre a escolha do futuro ministro da Fazenda. Especulações sobre quem ocupará o cargo têm criado especulações, com rumores de que ela chamará alguém do mercado financeiro.
Segundo ela, a queda da Bolsa e a subida no dólar logo após as eleições do último domingo são flutuações do mercado, que deve se normalizar agora.
"Acredito que o Brasil hoje tem condições de sair desse processo de baixo crescimento para um de mais alto crescimento. Nós temos um mercado interno robusto, milhões de brasileiros foram para a classe média. Ninguém mais sofre como sofria há uma década quando havia uma crise internacional porque não tínhamos reservas. Temos reservas e elas nos protegem. E vamos manter a inflação sob controle", disse na Band.
Ela disse não acreditar que uma agencia de risco diminua a nota de investimento do Brasil. "Pelo menos que eu saiba, todas descartam isso para 2014 e colocam isso [a possibilidade] para 2015. E temos todas as condições para nos recuperar."
Ela também negou, no SBT, que irá diminuir ou mesmo retirar a desoneração na folha de pagamentos feitas para incentivar a economia.
OBAMA
Sobre a conversa que teve hoje de manhã com o presidente norte-americano Barack Obama, ela nas duas emissoras de TV disse que eles falaram sobre a possibilidade de retomar as visitas. Ao saber em 2013 que havia sido espionada pelo governo americano, graças aos vazamentos feitos por Edward Snowden, ela cancelou uma visita ao americano.
Segundo ela, o assunto que levou à crise no ano passado foi um dos pontos conversados: "Óbvio que vai ter que ter um acordo sobre isso, para que a gente tenha uma desanuviada na relação Mas está bem encaminhado", disse no SBT.
Segundo ela, Obama lhe disse para descansar bastante depois das eleições. Ela disse que não conseguirá seguir o conselho.
SECA EM SÃO PAULO
Dilma repetiu, nas duas entrevistas, que o governo federal está aberta para qualquer pedido do governo de São Paulo sobre a falta de água. Segundo ela, a administração federal, apesar de não ser legalmente responsável pela gestão da água, pode ajudar o Estado, especialmente emprestando recursos para obras emergenciais.
LULA
Já sobre a possível candidatura do ex-presidente Lula nas próximas eleições presidenciais, ela afirmou que "o que o Lula quiser ser, eu apoiarei".
HOMOFOBIA
Dilma afirmou também, no SBT, que sua administração apoiará no Congresso um projeto de lei que torna crime a homofobia –uma das principais demandas do movimento LGBT, que teve relação atritada com a petista.
"Darei apoio a isso. É uma medida civilizatória. O Brasil tem que ser contra a homofobia porque isso é de fato uma barbárie." 







LEOPOLDINA CORRÊA é jornalista com formação em Mídias Digitais pela UFC >>>> Diploma

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