quinta-feira, 30 de outubro de 2014

PMDB dá aval para candidatura de Cunha e articula isolar PT na Câmara


Davi Ribeiro/Davi Ribeiro/Folhapress
O deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pré-candidato a presidente da Câmara em 2015
O deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um dos favoritos para presidir a Câmara a partir de 2015

A bancada do PMDB na Câmara se reuniu nesta quarta-feira (29) e deu aval à pré-candidatura do líder do partido, Eduardo Cunha (RJ), para a disputa pela Presidência da Casa em 2015.
A reunião ocorreu um dia depois dos deputados aplicarem a primeira derrota à presidente reeleita Dilma Rousseff. Deputados aprovaram projeto que susta efeito de decreto presidencial sobre conselhos populares.
O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) classificou nesta quarta como "anacrônica" a derrubada do decreto presidencial. "Nada mais anacrônico, nada mais contra os ventos da História, nada mais como uma tentativa triste que se colocou contra uma vontade irreversível do povo brasileiro que é a participação social", afirmou Carvalho.
Para evitar uma espécie de antecipação da briga, os peemedebistas aprovaram oficialmente, por unanimidade, apenas a recondução de Cunha para a liderança do PMDB. A bancada também lançou uma autorização para que ele articule a formação de um bloco para atuar na Câmara no próximo ano.
Os gestos foram interpretados pelos peemedebistas como o fortalecimento da candidatura de Cunha. Com isso, ele vai começar a costurar uma aliança com outros partidos em torno do seu nome e, também, para a composição de um "blocão", capaz de se impor numericamente em votações na Casa, além de ter peso para conquistar espaços na cúpula e nas comissões importantes.
As conversas devem envolver principalmente PR, PP, PSC, PTB e Solidariedade. A ideia do PMDB é de isolar o PT, maior bancada da Casa com 70 parlamentares na próxima formação –quatro a mais que os peemedebistas. Peemedebistas dizem que há incômodo com o PT não só pela relação com o Planalto, mas também pela atuação da bancada petista na Casa.
"Na votação desta terça, a Casa deu demonstração de que determinadas posições do PT têm sido rechaçadas pela Casa. Então, não há uma boa harmonia para que o PT consiga impor uma candidatura. Eu tenho dito que acho muito difícil uma candidatura do PT lograr êxito na Casa", afirmou Cunha.
A bancada rechaça a proposta defendida pelo vice-presidente, Michel Temer (PMDB), de reeditar o acordo de rodízio entre PT e PMDB no comando da Câmara. O deputado Leonardo Picciani (RJ) disse que a formação de bloco é para garantir que o partido fique pelo menos como a segunda maior bancada da Casa.
Na reunião que durou quase três horas, os deputados ainda reclamaram da atuação do PT nas disputas estaduais em prejuízo do PMDB e cobraram mais interlocução do Planalto com a Casa.
Os peemedebistas disseram que a derrota de Dilma, com a derrubada de seu decreto que trata dos conselhos populares, foi um recado para a petista sobre a autonomia do Congresso. "Não pode mais ter salto alto do Planalto", disse o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA).
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), comentou rapidamente a provável candidatura de Cunha à sua sucessão.
Ele disse que o colega de partido é competente e sério. "E no caso de uma disputa à presidência que tenha um candidato do PMDB, o que é normal, acho que [Cunha] é o nome natural que sem dúvida honraria a Câmara dos Deputados."
Alves não estará mais na Câmara no início de fevereiro, quando tem início a nova legislatura e quando será realizada a eleição para a presidência da Casa. O peemedebista se candidatou ao governo do Rio Grande do Norte, disputa em que acabou derrotado.
COMEMORAÇÃO
Antes de se reunirem nesta quarta por quase três horas, os peemedebistas realizaram um jantar com os atuais e novos parlamentares. No encontro, Cunha fez um discurso de boas-vindas aos novos congressistas e evitou polemizar sobre a relação com o governo.
A comemoração pela derrota a Dilma ficou para as rodas de conversas após a intervenção do líder. Segundo relatos, os deputados não continham a satisfação em terem mostrado ao governo que é preciso cultivar a relação com o Parlamento.
Os peemedebistas ainda decidiram sair em defesa do presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), que foi responsabilizado por petistas pela derrota de Dilma, uma vez que estava magoado depois de perder a disputa pelo governo do Rio Grande do Norte e culpar o PT e o ex-presidente Lula por ter inferido no processo eleitoral.
A bancada assumiu a votação, que contou com aval de vários partidos aliados, isolando PT, PC do B e PSOL na defesa do conselho. Para Cunha, colocar a votação na cota pessoal de Alves é "injustiça".

FOLHA>UOL

LEOPOLDINA CORRÊA é jornalista com formação em Mídias Digitais pela UFC >>>> Diploma

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